Literatura

Vencedora do Prêmio Cepe de Literatura lança livro na Bienal de SP

"Motivos para Cavar a Terra", da paulistana Lilian Sais, faz da palavra a pá que revolve o solo de temas diversos, como relações de trabalho, política, aquecimento global e pandemia

Doutora em letras, Lilian Sais é escritora, preparadora de textos, roteirista e produtora de podcasts.Doutora em letras, Lilian Sais é escritora, preparadora de textos, roteirista e produtora de podcasts. - Foto: Divulgação / Cepe

Nem sempre se cava a terra para enterrar perdas, como tanto vivenciamos nos últimos dois anos no mundo. Cava-se para plantar, para colher, para sentir, para investigar o que da terra brota. O passado, o presente, o que está por vir. "Motivos para Cavar a Terra", da paulistana Lilian Sais, faz da palavra a pá que revolve o solo de temas diversos, como relações de trabalho, política, aquecimento global e pandemia. Vencedor na categoria Poesia, na sexta edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura (2021), o título será lançado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo 2022.

“Minha primeira motivação para escrever esse livro foi o encontro entre uma demanda pessoal e o momento histórico que estamos atravessando. No âmbito pessoal, eu pensava sobre a inutilidade do esforço do trabalho. No âmbito coletivo, sobre a pandemia e as obrigações que seguem existindo, o capitalismo tardio e o buraco em que o país vai se afundando em meio ao fascismo. Como lidar com as demandas diante do caos?”, explica Lilian. “Há um campo metafórico que me interessa muito no tema da terra. Sei que não sou a única que vem pensando intensamente sobre isso, em especial depois do que estamos vivendo desde 2020. Mas, para além do momento histórico, há toda uma simbologia a respeito da terra e do ato de cavá-la que é muito rica. Então fiquei pensando nessas escavações como um fio que nos une, a todos, ao qual em última instância chamo de realidade”.

Motivos para Cavar a Terra é o terceiro livro de poesia da autora. Dividido em seis seções, ele traz uma presença forte da figura da mulher, que vai da coveira à lavradora que semeia o trigo para fazer o pão, que nos mantém vivos. Vida e morte permeiam seus poemas. “De modo geral, o que tento fazer nos poemas que escrevo é convidar o leitor a desautomatizar o olhar que ele tem sobre as coisas. É fazer com que olhe para determinados assuntos, gestos e hábitos como se fosse a primeira vez. E espero com o livro convidá-lo para revisitar esse gesto ancestral de cavar a terra. Sem pressa”, salienta.

O lançamento acontece simultaneamente aos dos outros títulos vencedores do Prêmio Cepe: Extremo Oeste, de Paulo Fehlauer e Teresa Decide Falar, de Lindevania Martins. A editora e jornalista Gianni Gianni mediará uma roda de conversa com Lilian Sais e os demais autores.  “É sempre uma alegria poder encontrar e atingir mais leitores e, nesse sentido, participar da Bienal é uma ótima oportunidade”, conclui Lilian.

Sobre a autora
Doutora em letras, Lilian Sais é escritora, preparadora de textos, roteirista e produtora de podcasts. Em poesia, publicou a plaquete Passo imóvel (2018) e os livros Acúmulo (2018) e Uma Baleia Nunca Dorme Profundamente(2021). Seu primeiro romance foi O Funeral da Baleia (2020). Seus poemas foram traduzidos para o espanhol, o inglês e o grego moderno.

Preço do livro: R$ 20 impresso e R$ 8 e-book

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