Versão brasileira da peça "O Jogo" anuncia temporada no Recife, com datas no Teatro Santa Isabel
Espetáculo aborda opressão feminina e sexismo, através de uma perspectiva irônica, mas de tom lúdico
Temas difíceis de engolir, e que ainda são o calo latente da sociedade contemporânea, ambientam a peça “O jogo”, que chega ao Recife para apresentação nos dias 19, 20 e 21, no Teatro de Santa Isabel. O espetáculo, da Miláh Produções em coprodução com o Cobogó das Artes, tem duas mulheres no palco trazendo à tona opressão feminina e sexismo, através de uma perspectiva irônica, mas de tom lúdico.
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Em entrevista para a Folha de Pernambuco, a atriz pernambucana Miláh Coutinho, 28, reforça a vontade de despertar a reflexão da plateia para o contexto das relações abusivas, numa simbiose de jogos de poder e submissão. “São duas mulheres, ambas com o nome Ana, em estado de confinamento semelhante ao que vivenciamos com essa pandemia, elas passam por situações de violência psicológica e relacionamento abusivo. Abusadas por um homem, que não está fisicamente no espetáculo, mas que exerce poder sobre elas a todo momento”, adianta. Ela contracena com a curitibana Geovana Metzger, que também se viu impactada com um texto potente, capaz de chamar atenção para tantas mazelas.
Percurso no teatro
Essa é a terceira adaptação brasileira da peça da escritora venezuelana Mariela Romero, que volta aos palcos depois de duas temporadas no Rio de Janeiro, sob a direção de Rafaela Amado. Essa é a segunda vez que “O Jogo”, vencedor de prêmios internacionais, foi montado no Brasil. Na década de 2000 tinha a direção de João Fonseca, com Rafaela Amado no elenco. Anos depois, Rafaela volta para a direção dentro de uma equipe essencialmente feminina. No Recife, a assistência de produção é de Adriano Portela.
“É a primeira turnê que a gente faz depois do processo forte de isolamento da pandemia, sendo essa a minha cidade natal. Aqui está a minha identidade. É uma honra ter a oportunidade de ir para o Teatro de Santa Isabel, um lugar com tanta história, com seus 171 anos. Um palco sagrado”, completa Miláh, reforçando ainda o poder da arte como instrumento de transformação social. A reestreia acontece depois de um período de apresentações virtuais, em um contexto controlado dentro dos protocolos estabelecidos pelo Governo do Estado. São 258 lugares por noite.
Transformação social
Na sua carreira, Miláh Coutinho destaca a importância de se envolver em projetos que despertam algum tipo de transformação. Não à toa, a peça toca numa ferida capaz de deixar a plateia atônita. “‘O Jogo’ é o trabalho mais importante da minha vida atualmente. A arte que eu faço é aquela que tem uma causa social por trás. Transformação e reflexão sempre me interessaram”, diz ela, que também se utiliza da música em seus processos criativos. Miláh é formada pela Cal – Casa de Arte das Laranjeiras e também e pela Escola de Atores Wolf Maya e sempre esteve, de alguma forma, ligada à arte.
Espaço para debate
Para endossar o assunto, o público é agraciado com um debate no fim do espetáculo. No dia 21 de novembro, a última das apresentações na capital pernambucana, o elenco e a equipe recebem Cida Pedrosa, poeta e vereadora do Recife, ganhadora do Prêmio Jabuti 2020, a fim de estimular ainda mais a plateia a refletir sobre as questões levantadas no palco.
SERVIÇO:
Peça Teatral "O Jogo"
Classificação indicativa: 16 anos
Horário: 20h
Dias: 19, 20 e 21 de novembro
Preço: Inteira R$ 20; Meia R$ 10 e Social (1kg de alimento não perecível): R$10
Ingressos: pelo Sympla ou bilheterias do Teatro Santa Isabel.
Duração: 50 minutos