Música

Vinil: a conexão da vitrola com o público jovem

Lojas de discos de vinil aumentaramLojas de discos de vinil aumentaram - Foto: Pixabay

Em 1951, o primeiro LP brasileiro chegava ao Brasil: “Carnaval”. O disco, com uma nova tecnologia que permitia uma qualidade sonora melhor, dominou o mercado por mais quatro décadas. O CD, que surgiu nos anos 1980, passou a ser hegemônico na música nacional na virada do milênio. Mas assim como na moda, a indústria fonográfica retorna com os ciclos: ligar o toca-discos, colocar um vinil e admirar o encarte do trabalho artístico não é mais coisa do passado.

Retrô voltou com tudo

Segundo dados da Associação de Gravadoras dos Estados Unidos (RIAA), as vendas dos vinis já são superiores às dos CDS no País. Uma pesquisa aponta que, do total de vendas físicas vendidas no primeiro semestre do ano passado, 62% são correspondentes aos LPs. Múltiplas respostas podem ser colocadas para o número, já que isso não acontecia desde os anos 1980. Para especialistas, a pandemia acelerou um processo que se iniciou em 2019, por causa da diminuição nas fábricas.

Raridade dita preço

No Brasil, não há ainda uma estimativa como lá fora, mas o mercado segue a tendência internacional. Um dos principais termômetros é a saída da Sony Music - que distribui os principais artistas do sertanejo, MPB e pop nacional -, da fabricação dos CDs no País. O preço também é um indicativo. Há discos que saem por R$ 10 mil, como é o caso de “Paêbirú”, o vinil de rock psicodélico de Lula Côrtes e Zé Ramalho. Lançado pela extinta gravadora Rozenblit, foram fabricados 1,3 mil exemplares, mas 1 mil deles se perderam na enchente de 1975 no Recife.

A raridade, de fato, dita o preço. Contudo, com o crescimento da demanda de mercado, as gravadoras estão relançando clássicos das músicas, principalmente dos anos 1970 e 1980. Como foi o caso do próprio disco de Lula e Zé, relançando em 2019. Tem ainda o famoso disco “Álibi”, de Maria Bethânia, o primeiro feminino brasileiro a ultrapassar 1 milhão de cópias.

Paixão entre os jovens

E o que faz os jovens se aproximarem do físico em meio ao digital da música? É uma pergunta que não há resposta simples, mas a necessidade do contato físico com um bem precioso, da escuta pausada e a dedicação de se ter algo exclusivo - como se fosse uma conexão íntima entre o artista e o fã - explicam um pouco do sucesso.

“Nesta era de álbuns visuais, lyric videos e visualizers, eu acho que se tornou senso comum o fato de que música evoca imagem. E isso acontece de um jeito natural: quando você escuta algo, seja narrativa musical ou não, aquilo pinta um cenário na sua cabeça. Pra mim, a mídia física é a melhor oportunidade que um artista tem de entregar ao público um produto com referências visuais que mostram como ele enxerga aquele trabalho sonoro no mundo visual”, pontua o gerente de marketing Gustavo Henrique, de 25 anos, que teve contato com LP ainda criança.

“Eu comecei a ter contato com os discos ainda criança que, na verdade, foi quando eu comecei a ter os primeiros contatos musicais. Tinha uma feirinha que vendia fita cassete na frente de casa, e como eu era filho único eu ficava cutucando as coisas e ouvindo as coisas. Foi assim que desenvolvi esse contato da música para além da televisão e do rádio”, explica Gustavo, enfatizando que desenvolveu um apreço por discos de artistas dos anos 1990, como Marisa Monte, Zélia Duncan e Adriana Calcanhoto.

Mudança de relação

O cineasta Pedro Berenguer, 29, conta que também começou a escutar os LPs ainda cedo. Desde então, a relação de consumo, compras e vendas tem mudado à medida em que os vinis se tornam peças cada vez mais caras. “Antes eu ia muito em sebo com meu pai, o vinil era muito mais barato.  A popularidade que ele ganhou foi muito forte e isso ficou mais difícil de comprar”, afirma.

A relação de Pedro com o material fonográfico foi se estreitando a ponto de mudar os tocadores. “No início, eu comecei com uma da década de 1990. Depois eu passei para uma mais simples, que era uma maletinha. Ela era frágil e comecei a pesquisar equipamentos, até comprar duas da Gradiente dos anos 1980. Isso com certeza melhora a relação do som e a experiência com o vinil”.

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