Visita de Harry a Charles III suscita "possível reconciliação" após 3 anos; relembre polêmicas
Princípe e pai monarca estiveram no centro de diversas controvérsias da Coroa britânica
A viagem do príncipe Harry de Los Angeles a Londres para visitar seu pai, o rei Charles III, diagnosticado com câncer, levantou esperanças de uma reconciliação, após três anos de tensões. Harry, de 39 anos, reagiu rapidamente ao anúncio da doença do pai na segunda-feira, descoberta durante sua hospitalização para uma operação de próstata, em 26 de janeiro.
Menos de 24 horas após o anúncio, o príncipe chegou em Londres, nesta terça-feira (5), para visitar o pai na residência de Clarence House, na mesma cidade. De acordo com a imprensa local, o príncipe viajou sem a mulher, Meghan, e seus dois filhos, Archie e Lilibet, como ocorreu com a visita relâmpago para a coroação de seu pai, em maio passado.
"Chegou a hora de Harry voltar para casa?", pergunta o Daily Mirror que, como a maioria dos jornais britânicos, dedicou, nesta terça-feira, muitas páginas a uma possível reconciliação em tempos difíceis para a monarquia britânica.
A repentina doença do rei deixa a rainha Camilla, de 76 anos, e William, de 41, encarregados de representar publicamente a monarquia. Esse círculo vem-se reduzindo nos últimos anos com a partida de Harry para os Estados Unidos e o afastamento do príncipe Andrew, irmão de Charles III, após acusações de agressão sexual a uma menor, que ele nega.
A última visita ao Reino Unido do duque de Sussex, título oficial do príncipe Harry, foi em junho de 2023, para assistir a um dos vários julgamentos de jornais sensacionalistas. O distanciamento ficou mais evidente após o casamento com a atriz americana Meghan Markle. Conhecida pelo envolvimento em histórias polêmicas e brigas familiares, a crise na família real britânica se aprofundou. Relembre:
Livro bombástico
Em 2023, o príncipe Harry lançou um polêmico livro de memórias chamado "O que sobra". Dentre os relatos vazados, estão histórias em que Harry conta como perdeu a virgindade, admite ter feito uso de drogas na adolescência e uma alega ter matado 25 pessoas enquanto servia o exército britânico no Afeganistão, o que lhe rendeu uma repreensão dos radicais islâmicos do Talibã. A obra teve grande repercussão.
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Documentário polêmico
O livro foi lançado na sequência da série documental de seis horas da Netflix, "Harry & Meghan", na qual o casal novamente expôs queixas com a família real e a mídia britânica. Se o casal esperava obter simpatia, pesquisas recentes parecem mostrar que estão tendo o efeito oposto - pelo menos no Reino Unido.
Uma avaliação da YouGov, na época, descobriu que 64% agora têm uma visão negativa do até então popular príncipe ruivo. Esta foi a classificação mais baixa de todos os tempos já obtida por ele. Na mesma linha, Meghan também teve uma pontuação desanimadora. A empresa é referência internacional de pesquisa de mercado baseada na internet.
Climão na coroação do Rei Charles III
A cerimônia de coroação, que ocorreu em maio deste ano, em Londres, foi marcada por polêmicas. Enquanto o príncipe William assumiu um papel de destaque na primeira fileira, Harry foi considerado ‘escanteado’, gerando rumores de que o caçula teria sido convidado de última hora para o almoço pós-coroação. A entronização da rainha consorte Camilla foi outro ponto de polêmica, já que o affair com o atual rei causou o fim do casamento com a megapopular princesa Diana.
Racismo
A biografia 'Endgame: Inside the Royal Family and the Monarchy’s Fight for Survival' (Fim do jogo: Por dentro da família real e a luta da monarquia pela sobrevivência, na tradução livre em português), escrita pelo jornalista britânico Omid Scobie, provocou polêmica na Holanda. O livro menciona duas pessoas envolvidas no episódio revelado na bombástica entrevista de Meghan Markle à apresentadora americana Oprah Winfrey, na qual a mulher do príncipe Harry afirmou que membros da família real britânica expressaram "preocupação" com a cor da pele do filho do casal, Archie, antes mesmo de seu nascimento.
No início de dezembro, os nomes do rei Charles III e da princesa Kate foram mencionados no contexto dessa conversa na versão holandesa de um novo livro sobre os Windsor, rapidamente retirado de venda por sua editora, devido a um alegado "erro de tradução", informou a imprensa britânica. Scobie, que escreveu e editou a versão em inglês do livro, culpou a tradução em holandês, e afirmou ao jornal Daily Mail que jamais nomeou ninguém com envolvimento no caso.
‘Deixado no escuro’
Segundo o mesmo jornalista, o Príncipe Harry não teria sido informado sobre o estado de saúde de sua avó, a Rainha Elizabeth II, antes dela falecer no dia 8 de setembro de 2022, aos 96 anos. Omid Scobie afirmou que o príncipe e sua esposa Meghan Markle "não tinham ideia" dos preparos do Palácio de Buckingham e de que a Rainha poderia morrer nas horas seguintes.
O Duque de Sussex soube através de um telefonema de número desconhecido, que somente atendeu após insistência da esposa. Seu pai, Rei Charles III, ao telefone lhe disse que ele e a rainha consorte Camilla Parker Bowles estavam a caminho de Balmoral, lugar onde a Rainha acabou falecendo.
Família rompida
A divulgação das fotos oficiais do rei Charles III e da rainha Camilla depois da coroação em maio chamou atenção pelas ausências. Não estão na foto os príncipes Harry — e a esposa Meghan Markle, duquesa de Sussex — e Andrew, reforçando a mensagem de quebra de vínculos com a família.
A imagem reuniu, da esquerda para a direita: o duque de Kent (Edward, primo de Elizabeth II), a duquesa de Gloucester (Brigitte, esposa de Richard), o duque de Gloucester (Richard, primo de Elizabeth II), o vice-almirante Sir Tim Laurence (marido de Anne), a princesa real (Anne, irmã de Charles), o rei Charles III, a rainha Camilla, o príncipe e a princesa de Gales (William, filho do rei, e a esposa Catherine), a duquesa de Edimburgo (Sophie), a princesa Alexandra (prima de Elizabeth II) e o duque de Edimburgo (Edward, irmão mais novo do rei).
Condenado
Primeiro membro da família real a prestar depoimento em mais de um século, o príncipe Harry foi condenado por um juiz britânico, no ano passado, a pagar 48.447 libras ao jornal "Mail on Sunday", após perder um dos casos em um processo por difamação contra o tabloide. Entre as inúmeras ações movidas pelo filho caçula do rei Charles III contra jornais britânicos, uma delas se referia a uma matéria sobre sua proteção policial quando estava no Reino Unido.
Publicado em fevereiro de 2022, o artigo acusava Harry — erroneamente, segundo sua defesa — de ter "mentido" e de ter "tentado manter em segredo" seu recurso contra o governo para tentar obter proteção policial no país.
Harry e Meghan ‘despejados'
O casal se despediu oficialmente do Frogmore Cottage, imóvel próximo ao Castelo de Windsor que o rei Charles III decidiu retirar do filho e da nora numa aparente retaliação pela publicação, no início de 2023, do livro de memórias "O que sobra".
Em abril passado, Harry chegou a ficar em Frogmore House para acompanhar o andamento do processo contra tabloides britânicos. Agora, o relatório sobre o inventário dos bens da realeza aponta que Frogmore House está "vago".