"Viva o Frevo": Getúlio Cavalcanti celebra 60 anos de carreira em show no Teatro de Santa Isabel
Espetáculo desta quarta-feira (4) também traz a comemoração dos 50 anos de existência do Bloco da Saudade
Em uma festa de aniversário dupla, o cantor e compositor Getúlio Cavalcanti e o Bloco da Saudade celebram, juntos, seus legados para o Carnaval do Recife com o show “Viva o Frevo”. O artista completa 60 anos de carreira e o bloco comemora seus 50 anos de existência em evento que acontece nesta quarta-feira (4), às 20h30, no Teatro de Santa Isabel, e contará com a participação de convidados.
Entre eles, estão com presença marcada o Coral do Bloco da Saudade (com quem Getúlio tem parceria há mais de 35 anos); o Maestro Marco César (comandando Coral Edgard Moraes, do compositor que primeiro concebeu o conceito do bloco); orquestra de Pau e Corda comandada pelo Maestro Bozó (que participou do arranjo do espetáculo); e o Maestro Spok.
“Posso adiantar que todo o trabalho, todo o esforço está sendo feito por conta própria. Como eu tenho muitas músicas inéditas - frevo de bloco principalmente - não tenho mais idade de esperar e tive que correr atrás. Passou dos 80, perdeu a garantia de que alguém vai se interessar”, explica Getúlio.
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Entre clássicos e inéditos
O repertório é composto por 15 frevos. “Último regresso”, obra-prima do Príncipe dos Blocos, não poderia faltar. Uma das músicas mais tradicionais de Pernambuco, ela representa em letra, som e harmonia a paixão do artista. É uma tarefa quase impossível brincar no Carnaval e não escutar pelo menos uma vez a letra: “É lindo ver/ O dia amanhecer/ Com violões e pastorinhas mil/ Dizendo bem/ Que o Recife tem/ O Carnaval melhor do meu Brasil”.
Além dela, estarão presentes outras canções clássicas e sete músicas inéditas. “Eu não fico nem feliz em dizer isso, mas eu faço música porque eu não tenho tempo de aprender a música dos outros. Essa é a realidade”, brinca Getúlio.
O início e o legado
Aos cinco anos de idade ganhou um realejo. Aos seis ganhou uma sanfona. Aos oito entrou em uma banda com um saxofone. Em seu aniversário de 12 anos recebeu um violão, instrumento que veio com ele para o Recife, em 1957.
Já cantor profissional, ingressou na Rádio Clube e conheceu o maestro Nelson Ferreira com quem gravou sua primeira música para o carnaval. “O Brasil todo estava cantando "Evocação”, uma música lindíssima e muito bem feita. E eu acabei me tornando amigo do Mestre Nelson. E a partir daí entrei nesse processo de composição”.
Desde 1976, o cantor participou de 40 concursos; desses 32 em primeiro lugar; três em segundo lugar e cinco em terceiro. Ou seja, esteve no pódio de todas as premiações de música de frevo desde que começou.
Ao ser perguntado, em entrevista exclusiva para a Folha de Pernambuco, sobre o que pretende deixar para as próximas gerações, ele diz: “Olha, eu quero deixar a minha música e a certeza absoluta de que o que eu pude fazer, principalmente pelo Carnaval lírico do Recife e de Pernambuco, de certa forma, eu fiz. Criando novos blocos e participando de criação de novos blocos, trazendo, refazendo blocos já fora de cogitações e que retornaram, participando de todo esse movimento e dos concursos de música.”
De geração em geração
A musicalidade passou por DNA para sua família. Sua filha, Alexandra Cavalcanti, e sua neta, Beatriz Cavalcanti, fazem parte da banda. “Amamos música e ouvíamos tudo, mas lá em casa o frevo reinou. Meu pai sempre me mostrava tudo em primeira mão, eu era a primeira a ouvir. Desde os 4 anos, comecei a cantar em casa e me apaixonei pelo som”, lembra Alessandra Cavalcanti, segunda geração do frevo da família Cavalcanti.