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"Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé)": premiado musical volta ao Recife nesta semana

Baseado em uma das obras-primas de João Ubaldo Ribeiro, espetáculo fica em cartaz no Teatro do Parque, de sexta (5) a domingo (7)

"Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)""Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)" - Foto: Marcelo Rodolfo/Divulgação

Em busca de uma identidade brasileira, uma alma percorre 400 anos da história do País, encarnando em personagens invisibilizadas. É o que narra “Viva o Povo Brasileiro”, uma das obras-primas do autor baiano João Ubaldo Ribeiro (1941-2014) e que completa 40 anos neste 2024.

Esta rica obra, que, ao longo da narrativa, revela os históricos abismos sociais brasileiros, assim como uma exuberante profusão cultural, decisiva na formação da plural identidade do nosso povo, ganhou os palcos do País em sua versão musical, “Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)”.

O premiado espetáculo retorna ao Recife neste fim de semana, para três apresentações no Teatro de Santa Isabel, bairro de Santo Antônio. As sessões acontecem na sexta (5), sábado (6) e domingo (7), a partir das 19h.

Criação
Com direção e dramaturgia assinadas por André Paes Leme, o musical é uma adaptação de parte do romance – com um total de 700 páginas – escrito por João Ubaldo, que foi imortal da ABL e vencedor dos prêmios Camões de Literatura e Jabuti. 

No elenco, estão Alexandre Dantas, Guilherme Borges, Izak Dahora, Jackson Costa, Júlia Tizumba, Luciane Dom, Lucas dos Prazeres, Maurício Tizumba e Sara Hana.

A direção musical e a trilha original são de João Milet Meirelles (BaianaSystem), e o espetáculo conta com 30 músicas originais compostas por Chico César, a partir de letras inspiradas ou que utilizam parte textual da obra de Ubaldo.

“Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)” é ambientado em Itaparica (BA) e percorre o período de 1647 a 1977, acompanhando a jornada de uma alma que deseja ser brasileira. Ao longo da narrativa, surgem personagens como o Caboclo Capiroba, o Alferes e Maria Dafé, que transformam suas dores em heroísmo e demonstram a força da ancestralidade que percorre a formação do nosso povo. 

“Criamos esse espetáculo, que praticamente pega um terço do livro, mas traz a essência da obra ligada à ideia de ancestralidade, de espiritualidade, da luta contra a escravidão, por uma igualdade e justiça social. O texto é especialmente conectado à força feminina, que é algo muito forte a partir da personagem da Maria Dafé, que é a grande heroína", conta André Paes Leme.

O autor já adaptou outros clássicos da literatura para o teatro: "A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa", "A Hora e Vez de Augusto Matraga" e "Engraçadinha". 

“Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)” venceu o Prêmio Shell na categoria Melhor Ator, com Maurício Tizumba, e foi indicado em mais três categorias – Música Original e Direção Musical, Melhor Direção e Melhor Figurino. 

Também foi indicado ao Prêmio APCA, como Melhor Espetáculo e Melhor Ator; e ao Prêmio APTR, na categoria Melhor Música.

História
Durante o espetáculo, acompanhamos a trajetória dessa alma que nutre o desejo de ser brasileira. Para tanto, ela encarna em alguns personagens ao longo da história.

Primeiro, em indígenas, até o primeiro personagem, o Caboclo Capiroba, em 1640, que é enforcado pelos portugueses colonizadores, mas tem uma filha que se chama Vu. Dela, descendem as mulheres da história.   

Depois, alma reencarna em um Alferes, em 1809. Esse Alferes sonhava em ser um herói brasileiro e tem morte súbita protegendo Itaparica da invasão portuguesa. Morre cedo, mas consegue ser considerado herói. 

Foto: Marcelo Rodolfo/Divulgação

Mais desejosa ainda de ser brasileira, ela encarna na personagem Maria Dafé, filha da Vevé (Naê) e tataraneta de Vu. Ela foi estuprada pelo Barão, que, ao saber da gravidez, ordena negro Leléo a tirar Vevé de Itaparica. Leléo é um negro liberto, que já tem muito dinheiro e que cuida de Dafé como sua verdadeira neta, dando ensino e escola.  

Aos 12 anos, Dafé assiste ao assassinato da mãe a facadas, por homens que queriam violentar as duas. Essa tragédia é o gatilho para Dafé virar a heroína da história. 

Trilha sonora
O músico paraibano Chico César compôs 30 canções para o musical, que ganharam arranjos de João Milet Meirelles e a colaboração do elenco. 

No palco, três músicos e dez atores que interpretam, cantam e tocam. Além do elenco fixo, o espetáculo tem um coro composto por atores iniciantes/estudantes,  que ajudarão a dar vida a essa epopeia.    
 
"Para compor as músicas, eu parti da palavra do escritor e busquei a sonoridade da escrita. Trouxe muito da minha formação intuitiva da música negra, brasileira, baiana, porque o livro se passa em Itaparica e Salvador”, conta Chico César. 

“Fiquei feliz quando soube que era o João Meirelles quem seria o diretor musical, porque o BaianaSystem é o grupo com maior expressão dessa contemporaneidade da música negra brasileira", segue.  

Para ‘Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)’, o diretor musical, João Milet Meirelles, trouxe  uma construção coletiva com referências da música baiana contemporânea e da tradicionalidade. 

"Existe também um apontamento para o futuro. Tem muita percussão, cordas, sanfona, piano. São três músicos e um elenco também muito competente musicalmente. Tem essa diversidade como uma linha que vai conduzindo tudo. É uma construção coletiva com o processo de experimentação", explica João.

SERVIÇO
"Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé)"
Quando: Sexta (5) a domingo (7), às 19h
Onde: Teatro do Parque | Rua do Hospício, 81, Boa Vista -Recife/PE
Ingressos: a partir de R$ 19,50, à venda no Sympla
* clientes Nubank Ultravioleta têm direito a ingresso gratuito (caso ainda haja vagas disponíveis) ou desconto de 50% em até dois ingressos
** clientes Nubank têm direito a 25% de desconto em até dois ingressos
Informações: (81) 99488-6833 

 

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