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Dinamismo e autenticidade

"Volta por Cima" equilibra humor, drama e brasilidade em uma trama cativante e suburbana

Ainda que inspirado em um contexto específico, o bairro cenográfico e suas figuras típicas criam identificação com espectadores de todo o Brasil, refletindo situações universais

"Volta por cima", novela da Globo"Volta por cima", novela da Globo - Foto: Divulgação/TV Press

A novela das 19h da Globo assinada por Claudia Souto, “Volta por Cima”, estreou no final de setembro com um impacto que não deixou dúvidas sobre sua proposta: envolver o público com uma forte carga de emoção e humor, mas em uma narrativa disposta a refletir toda a complexidade e a humanidade do subúrbio brasileiro.

A trama começou com a força de uma tragédia – um acidente de ônibus que transformou, direta e indiretamente, a vida de diversas famílias. Mas, rapidamente, revelou sua capacidade de equilibrar momentos densos e leves com naturalidade que impressiona.

O núcleo principal de “Volta por Cima” é liderado por Jéssica Ellen e Fabrício Boliveira, que brilham como Madalena (ou Madá) e Jão. Desde o primeiro capítulo, os dois entregam atuações de grande intensidade emocional, construindo personagens carregados de brasilidade e realismo.

O romance entre Madá e Jão é um dos pilares da novela, mas enfrenta desafios complexos, como a gravidez de Carla, uma capanga fria e calculista que, diante dos últimos acontecimentos, se destaca como potencial grande vilã na história.

No entanto, o título de antagonista principal de “Volta por Cima” ainda parece em disputa. Milhem Cortaz, como o encostado Osmar, tio sem escrúpulos de Madá, rouba a cena com sua interpretação carismática, mesmo ao cometer atos desprezíveis, como roubar o bilhete premiado de loteria deixado pelo motorista Lindomar, participação especial de MV Bill.

Ao lado de Isabel Teixeira, na pele da contraventora Violeta, Osmar vive situações que podem despertar a empatia do público, tornando difícil torcer contra ele.

O humor característico das novelas das 19h encontra em Betty Faria, Drica Moraes, Rodrigo Fagundes e Fabio Lago um alicerce sólido para “Volta por Cima”.

Como os excêntricos e falidos Belisa, Joyce, Gigi e o mordomo Sebastian, eles garantem leveza e muitas gargalhadas, enquanto demonstram uma maturidade cênica que enriquece a novela.

Amaury Lorenzo e Isadora Cruz, como os fogosos Chico e Roxelle, também chamam atenção no núcleo cômico-romântico, entregando momentos que alternam entre divertidos e apaixonantes.

O texto de Claudia Souto é outro destaque. A autora traduz com sensibilidade e autenticidade o espírito do subúrbio carioca, representado na fictícia Vila Cambucá.

Ainda que inspirado em um contexto específico, o bairro cenográfico e suas figuras típicas criam identificação com espectadores de todo o Brasil, refletindo situações universais. E é esse é mesmo o grande trunfo de “Volta por Cima”: trata-se de uma novela que não se limita a uma fórmula.

Com uma direção de arte cuidadosa e uma trilha sonora que embala perfeitamente as emoções da trama, a produção consegue cativar e entreter sem abrir mão de uma abordagem humanista e, ao mesmo tempo, extremamente empática.

“Volta por Cima” – Globo – Segunda a sábado, na faixa das 19h. Reprise alternativa na madrugada.

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