Wanessa Camargo, Luísa Sonza, Mel Maia: brancas famosas que precisaram pedir desculpas por racismo
Embora sofram com o machismo, elas têm dificuldade de entender que podem ser racistas e, como fez a cantora, pedem desculpas e prometem buscar letramento
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A cantora Wanessa Camargo usou as redes sociais nesta terça-feira (12) para pedir desculpas ao BBB Davi e a sua família. Em vídeo postado, Wanessa diz que deve "um pedido de desculpas ao Davi, a sua família e a todas as pessoas negras que se sentiram machucadas e ofendidas".
Wanessa afirmou ter entendido que "algumas de minhas falas e comportamentos dentro da casa do BBB em relação ao Davi se enquadram no racismo estrutural" e disse também que quer se tornar antirracista: "Eu quero aprender, conhecer, me tornar antirracista, e assim contribuir para uma sociedade muito mais justa, consciente e igualitária para todos nós."
Assim como ela, outras mulheres brancas famosas vieram a público, no passado, pedir desculpas por falas ou comportamentos racistas. É uma atitude recorrente entre muitas mulheres brancas, que embora sofram com o machismo, têm dificuldade de entender que podem ser racistas. Como fez Wanessa, pedem desculpas e prometem buscar letramento.
Luísa Sonza
A cantora pediu desculpas publicamente, em outubro de 2022, a Isabel Macedo de Jesus, autora de um processo por racismo do qual era alvo.
"A maneira com que me dirigi a sra. Isabel traduziu um ato de reprodução do racismo estrutural, o que de maneira nenhuma foi a minha intenção", escreveu a cantora no Twitter.
"Nesse contexto, venho a público pedir desculpas, não somente à senhora Isabel, mas a todos aqueles que já experimentaram as consequências do racismo estrutural."
Adriane Galisteu
Também em 2022, Adriane Galisteu publicou um pedido de desculpasapós ser acusada de usar um termo racista ao interagir em uma publicação feita pela atriz Nanda Costa, no Instagram.
“Passando por aqui para pedir desculpas por um termo errado e inadequado que eu usei em um post da Nanda Costa. A quem eu magoei, me perdoem pela minha ignorância. Não adianta, não vou vestir um terno que não cabe em mim. Um terno que não veste em mim é o da racista, da preconceituosa. Essa não sou eu”, escreveu a apresentadora.
O termo usado por Galisteu foi "ama de leite", que se refere às mulheres negras em situação de escravidão que alimentavam os filhos de mulheres brancas. Na ocasião, a apresentadora respondeu a um texto em que Nanda Costaincentivava outras mães a compartilharem suas experiências. “Maternidade sem filtro para começar a semana. Me contem aqui, o que foi mais difícil na travessia de vocês?”, questionou a atriz. Adriane entrou postou seu comentário: “Amamentação eu fui toda animada, feliz… quando me dei conta tinha ama de leite em casa me ajudando a lidar. Não foi fácil”, desabafou a apresentadora.
Ana Maria Braga
A apresentadora viveu uma situação parecida com a de Adriane Galisteu. Em setembro de 2021, ea pediu desculpas durante o programa Mais Você por ter usado a expressão "inveja branca", o que gerou diversas críticas nas redes sociais. A expressão é considerada racista por usar a cor "branca" para minimizar um sentimento ruim. Em contrapartida, "preto" ou "negro" são cores associadas ao negativo, como na expressão "lista negra".
"Ontem fiz um comentário sobre inveja. Teve gente, principalmente da comunidade negra, que se sentiu ofendida. Eu li os argumentos na internet e vi que as pessoas têm razão. Faço questão de pedir desculpas", afirmou.
Ana também disse que pessoas mais velhas como ela ainda usam expressões que "fizeram parte de um outro momento", mas que ela aprendeu com o erro. "São vícios de linguagem. Humildemente, peço desculpas. Não se repetirá", completou.
Mel Maia
Em 2018, a atriz surgiu com uma máscara de beleza e fez alusão ao grupo Ku Klux Klan, defensor da supremacia dos brancos nos Estados Unidos. Após a crítica dos fãs, Mel Maia pediu desculpas: “Gente, eu fiz um post sem noção, mas por favor, não levem a mal, nunca quis ofender ninguém! E em nenhum momento disse que apoiaria… Me desculpem [por] qualquer coisa”, escreveu a adolescente na função Stories.
A Ku Klux Klan é um grupo supremacista branco, que nos anos da segregação racial nos EUA matou por enforcamento e queimou casas de pessoas negras.
Yayoi Kusama
Em 2023, a artista japonesa Yayoi Kusama divulgou uma nota em que lamentava uma passagem em sua autobiografia de 2002 na qual ela descrevia os negros como “seres primitivos e hiper-sexualizados”. Na edição original do livro, em japonês, Kusama também afirmou que o valor dos imóveis em Nova York estava “caindo US$ 5 por dia” por causa de “negros atirando uns nos outros e moradores de rua dormindo na região”. Essas frases foram removidas de uma tradução posterior para o inglês.
Kusama é uma mulher asiática e já foi ela mesma alvo de racismo no passado, o que não a eximiu de suas ofensas aos negros. Seu pedido de desculpas veio na véspera da abertura de sua exposição “Yayoi Kusama: Infinite Love” no Museu de Arte Moderna de São Francisco, em 2023.
“Lamento profundamente ter usado linguagem ofensiva em meu livro”, disse Kusama, de 94 anos, em nota ao "San Francisco Chronicle". “Minha mensagem sempre foi de amor, esperança, compaixão e respeito por todas as pessoas. Minha intenção ao longo da vida foi elevar a humanidade através da minha arte. Peço desculpas pela dor que causei.”