30 caminhões deixam Esplanada dos Ministérios; 71 permanecem no local e autoridades negociam saída
Há ocorrência de protestos em 15 estados
Trinta dos 101 caminhões que bloqueavam a Esplanada dos Ministérios deixaram o local até o começo da manhã desta quinta-feira (9).
A desmobilização ocorre após um bate cabeça entre os manifestantes bolsonaristas e o próprio presidente Jair Bolsonaro a respeito do que fazer em relação à paralisação com viés golpista, que visa a atacar o STF (Supremo Tribunal Federal).
Na manhã desta quinta, Bolsonaro disse a apoiadores que conversará com caminhoneiros alinhados ao governo ainda hoje. O chefe do Executivo já havia gravado um áudio na quarta (8) para que aliados repassassem aos caminhoneiros, pedindo que liberassem as vias.
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Além da Esplanada, integrantes da categoria bloqueiam trechos de rodovias desde o 7 de Setembro, quando ocorreram os protestos de raiz golpista em apoio a Bolsonaro. Os bloqueios já atingem 15 estados.
"Vou conversar com os caminhoneiros pra gente tomar decisão, tá ok?", disse o presidente em vídeo divulgado por assessor nas redes sociais. Uma conversa com caminhoneiros está prevista para ocorrer até o fim da manhã, com a participação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
Os responsáveis pelos caminhões que estão na Esplanada derrubaram bloqueios policiais na segunda (6) e invadiram a via. Eles desrespeitaram o acordo feito com autoridades de segurança pública no DF para que deixassem o espaço até o fim da tarde de quarta (8).
Os caminhões foram usados na manifestação golpista para pressionar pela invasão da via que dá acesso ao STF e ao Congresso. O bloqueio na altura do Itamaraty, que impede o acesso aos dois prédios, foi o único que não foi derrubado pelos manifestantes bolsonaristas.
Após a resistência inicial, quase um terço dos caminhões já foi retirado da Esplanada, como constatou a Folha na manhã desta quinta. Agora, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) do DF negocia a retirada do restante dos veículos ainda nesta quinta.
A Esplanada dos Ministérios segue bloqueada para o trânsito, o que vem causando transtorno na região central de Brasília. O desrespeito ao acordo feito e as ameaças de invasão fizeram o bloqueio se estender além do previsto e levaram à interrupção do funcionamento do Congresso e do TCU (Tribunal de Contas da União), por exemplo.
A reportagem constatou que os dez caminhões que levam a inscrição da empresa Pro Tork, colocados bem em frente ao Congresso, antes da grade de isolamento, foram retirados do local.
A Pro Tork é uma empresa que fabrica capacetes e equipamentos para motocicletas. Está sediada no Paraná. Os dez caminhões dispostos em frente ao Congresso auxiliavam na pressão por invasão à via que dá acesso ao STF.
Já os quatro caminhões identificados com logotipo do Grupo Brasil Novo, uma empresa de logística sediada em Florianópolis, foram retirados da via e colocados no canteiro central da Esplanada.
O mesmo foi feito com os caminhões identificados com os nomes da Arroz e Feijão Grão Dourado, Irmãos Chiari Agropecuária e Dez Alimentos, empresas do interior de Goiás.
A reportagem tenta desde quarta (8) uma resposta das empresas sobre a presença desses caminhões na Esplanada dos Ministérios.
Na noite de quarta, a PM e a Secretaria de Segurança Pública do DF tentavam negociar a saída de caminhoneiros que seguem acampados na Esplanada, obstruindo a via.
O secretário de segurança do DF, Júlio Danilo, confirma que alguns caminhoneiros já deixaram o local. A equipe da pasta esteve por lá até as 6h acompanhando a saída deles e a retirada das estruturas.
No cercadinho em frente ao Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro para todos os dias para conversas e produção de vídeos que circulam por redes bolsonaristas, caminhoneiros manifestaram apoio ao presidente. Um deles disse ter vindo de Sinop (MT) e estar acampado em Brasília desde a semana passada.