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MUNDO

45% dos CEOs acham que suas empresas não durarão mais do que 10 anos, diz PwC

Edição de 2024 da Global CEO Survey, pesquisa da consultoria com cerca de 4,7 mil presidentes de grandes companhias de todo o mundo divulgada no Fórum Econômico Mundial, mostra preocupação com mudanças climáticas e disrupção tecnológica

Sede da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça Sede da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça  - Foto: Fabrice Coffrini/AFP

Presidentes de grandes companhias globais veem suas empresas mais preparadas para enfrentar mudanças disruptivas, como o aquecimento global e o advento de tecnologias como a inteligência artificial (IA) generativa, mas ainda demonstram preocupação com a continuidade de seus negócios, mostra uma pesquisa global da consultoria PwC.

Segundo a Global CEO Survey de 2024, 45% dos presidentes de empresas acham que suas empresas durarão 10 anos ou menos caso sigam o rumo atual, acima dos 39% de 2023. No Brasil, 41% disseram que suas empresas durarão até no máximo dez anos, ante 33% em 2023. A pesquisa, divulgada durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, ouviu cerca de 4,7 mil no mundo todo.

Para Marco Castro, sócio presidente da PwC no Brasil, os dados confirmam que o mundo corporativo encara as mudanças disruptivas com um "senso de urgência".

O calor que marcou tanto o verão do Hemisfério Norte quanto a primavera no Brasil pode ter ajudado a aumentar a preocupação com as mudanças climáticas. Assim como o lançamento da ferramenta de IA ChatGPT, na virada de 2022 para 2023, colocou essa tecnologia de produção de conteúdo sob os holofotes da evolução tecnológica, com potencial de aumentar a produtividade das empresas e ameaçar diversos empregos.

97% tomaram medidas, mas efeito parece pequeno
Castro chamou a atenção para o fato de que 97% dos CEOs disseram na pesquisa "ter tomado pelo menos algumas medidas para mudar sua forma de criar, entregar e capturar valor nos últimos cinco anos", conforme o relatório da pesquisa. O problema, segundo o executivo da PwC, é que essas medidas parecem ser insuficientes para reduzir a confiança de que seus negócios se manterão no mercado a longo prazo.

– Já no ano passado, muitos achavam que negócios não seriam longevos sem mudar de modelo e fizeram mudanças, mas a percepção de que não os negócios não se perpetuarão aumentou – afirmou Castro.

A perpetuidade dos negócios também parece ter se descolado do desempenho da economia. As preocupações com a inflação elevada que se espalhou mundo afora no processo de retomada pós-Covid-19 e com os aumentos de juros para enfrentar a carestia diminuíram.

Crescimento da economia global vai acelerar
Com isso, 38% dos CEOs entrevistados acham que o crescimento global acelerará nos próximos 12 meses, ante 18% em 2023. Entre os brasileiros, 36% creem na aceleração, ante 17% na edição anterior da pesquisa.

Para Castro, o descompasso entre a percepção sobre o desempenho da economia e a confiança na perpetuidade dos negócios da empresa são um sinal do tal "senso de urgência" em relação às mudanças disruptivas.

O comandante da PwC vê algumas particularidades da posição das companhias brasileiras em relação às mudanças que estão no radar do mundo corporativo. A necessidade de fazer a transição para fontes de energia de baixo carbono, como estratégia para mitigar as mudanças climáticas, pode espalhar oportunidades de negócios pelo Brasil, cuja matriz energética se destaca pelo caráter renovável.

A implicação é que a adaptação dos negócios a uma economia de baixo carbono tende a ser menos dolorosa no Brasil. Conforme a Global CEO Survey, 41% dos entrevistados disseram aceitar taxas de retorno menores em investimentos de baixo impacto climático, acima da proporção no Brasil.

Oportunidade na educação
No lado da disrupção tecnológica, Castro ressaltou que a baixa qualidade da educação e, consequentemente, da formação da mão de obra são problemas crônicos no Brasil.

Por outro lado, o país se destaca em diversos monitoramentos e estudos sobre quantidade do uso de internet e redes sociais, um sinal de propensão a adotar novas tecnologias, lembrou o executivo. Ou seja, um avanço na educação poderia representar uma oportunidade para as empresas sobreviverem a mudanças tecnológicas disruptivas.

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