737 Max: Departamento de Justiça dos EUA diz que Boeing violou acordo que evitou processos
Empresa tem até 13 de junho para apresentar seus comentários, que serão levados em consideração antes que qualquer punição seja aplicada
A Boeing violou um acordo que permitiu que a empresa evitasse um processo criminal após dois acidentes mortais envolvendo sua aeronave 737 Max, segundo informou hoje o Departamento de Justiça (DoJ) dos EUA em um processo judicial.
Segundo o documento, a Boeing violou o acordo “por não ter projetado, implementado e aplicado um programa de conformidade e ética para prevenir e detectar violações das leis de fraude dos EUA em todas as suas operações”, segundo ficou acertado em 2021.
O Departamento de Justiça disse que ainda não determinou como proceder, incluindo se e como punir a empresa. O órgão instruiu a Boeing a responder até 13 de junho com sua análise e comentários, que serão levados em consideração com relação a qualquer punição.
A Boeing não comentou imediatamente.
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A decisão aumenta os riscos legais enfrentados pela fabricante de aviões após a quase catástrofe ocorrida no início de janeiro, quando um painel da fuselagem explodiu em um 737 Max durante o voo.
Segundo o acordo, a Boeing admitiu ter enganado seu órgão regulador, a Administração Federal de Aviação, sobre as alterações feitas em seu novo jato, o 737 Max, e pagou uma multa criminal de US$ 243 milhões. Se a empresa cooperasse totalmente com o governo em um período de três anos, os promotores tentariam obter a retirada da acusação de fraude contra a empresa.
Pouco antes de expirar o período de três anos, um plugue de porta de um Boeing explodiu em um avião da Alaska Airlines em pleno voo, obrigando os pilotos a dar meia-volta e aterrissar. O Departamento de Justiça abriu uma investigação criminal.
Os procuradores de Justiça dos EUA em Seattle já enviaram intimações solicitando documentos e comunicações da Boeing e do fornecedor Spirit AeroSystems Holdings, que fabricou o plugue da porta. A Securities Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado americano, também está examinando os comentários da Boeing sobre suas práticas de segurança após o acidente de 5 de janeiro.
A Boeing tomou medidas para melhorar a segurança após os dois acidentes com o 737 Max em 2018 e 2019, incluindo a criação de um diretor de segurança aeroespacial e a alteração da estrutura de gerenciamento para que seus engenheiros se reportassem ao engenheiro-chefe Howard McKenzie, em vez de aos líderes de negócios. Mas as medidas não foram suficientes, de acordo com um relatório contundente emitido pela Administração Federal de Aviação em fevereiro.
O estudo, que durou um ano, constatou que muitos funcionários da Boeing não sabiam como sinalizar possíveis problemas de segurança e não confiavam no programa “Speak Up” que a empresa implementou para sinalizar irregularidades. A fabricante de aviões também foi responsabilizada por procedimentos e treinamentos ineficazes.