MUNDO

A azeitona espanhola que enlouquece os japoneses: litro do azeite custa mais de mil reais

Farga, variedade de oliveira de Tarragona, na Espanha, surgiu há centenas de anos, mas seu óleo divino só foi reconhecido mundialmente no século XXI

A farga del Arión, em Tarragona, remonta ao Império Romano: tem 1.709 anos de idade. Quanto mais velha, maior a árvore e mais difícil a colheita A farga del Arión, em Tarragona, remonta ao Império Romano: tem 1.709 anos de idade. Quanto mais velha, maior a árvore e mais difícil a colheita  - Foto: Reprodução

São poucas as civilizações que não veneraram a oliveira como um símbolo de vida e prosperidade. A farga é uma das variedades mais exclusivas e antigas, encontrada na fronteira entre Tarragona e Castellón, na Espanha. Ela é resultado da seleção dos espécimes mais resistentes ao vento.

As constantes rajadas de vento na região forçaram a seleção das oliveiras com os pecíolos — cabos que ligam a folha ao caule, dando suporte e sustentação — mais fortes, para evitar que as azeitonas rolassem no chão antes da hora.

Seu azeite de oliva, que faz sucesso entre os japoneses, só começou a ser valorizado nos primeiros anos do século XXI, quando empresários ocidentais compraram essas grandes oliveiras para levá-las a seus jardins por um preço que poderia chegar até € 20 mil (R$ 108 mil). Essa retirada foi retratada por Icíar Bollaín no filme “El olivo” (2016).

Quase imortal e resistente a ventos extremos
Não há uma data exata de nascimento da farga como variedade de azeitona e poucos — se é que alguém — já viram uma oliveira dessas morrer. Essa paisagem surgiu com a expansão do Império Romano e sobreviveu ao seu declínio.

Naquela época, “a resistência da árvore era uma virtude que agora é determinada como um custo para o produtor”, lamenta Bernabé Moya, um botânico internacional especializado em árvores monumentais.

Não há novas árvores de Farga, e as que existem têm pelo menos 100 anos. Uma das mais antigas é a farga del Arión, em Ulldecona, Tarragona, que tem 1.709 anos e seus galhos produzem frutos desde os anos 300.

 

"Leves toques de banana"
Quanto mais velha a árvore, maior o diâmetro do tronco, mais longos os galhos e maior o volume da copa, o que exige uma colheita muito mais trabalhosa. O primeiro azeite de oliva extravirgem que reivindicou esse patrimônio foi chamado de Milenário, em 1993. Em 2008, uma associação foi formalizada para catalogar as oliveiras monumentais farga.

- Não há outra variedade que tenha sido preservada por tantos séculos e ainda esteja produzindo - diz Keiko Tagawa, uma provadora profissional especializada em azeites extravirgens.

É isso que atrai o comprador japonês. Segundo o produtor Olis Cuquello, sua resistência à variação climática garantiu sua sobrevivência por tantos séculos.

- Elegante e muito versátil, com leves toques de banana e notas herbáceas, o melhor de tudo é sua suavidade - diz Tagawa, fascinada pela farga da propriedade Varona la Vella (Sant Mateu, Castellón).

Azeite milenar
Os melhores azeites de cada ano são destinados a uma edição especial limitada — com a marca de garantia Milenaria Farga Oil, M de Milenarias —, que custa nada menos que € 260 o litro (cerca de R$ 1.395).

Em 2015, a entidade criou uma marca de garantia para controlar a rastreabilidade das oliveiras dedicadas ao cultivo, à extração e à comercialização. Assim, com a distinção Aceite de Farga Milenaria (M de Milenar), o consumidor é informado de que esse azeite de oliva extravirgem provém de oliveiras que atendem aos parâmetros físicos que, sem estabelecer a idade exata, são chamados de milenares por se enquadrarem nos padrões extraídos das árvores de farga.

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