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MERCADO

A França compra muita carne do Brasil? Veja o impacto do boicote sobre as exportações brasileiras

Exportações de carnes para a França somaram cerca de US$ 1,4 milhão este ano

Carne bovina Carne bovina  - Foto: @KamranAydinov/Freepik

De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou cerca de US$ 1 bilhão em carnes bovina, suína e de frango para a União Europeia, dos quais apenas US$ 1,4 milhão foram para a França. Em volume, foram para o mercado francês 380,5 mil toneladas, ante um total registrado para o bloco europeu de 260,7 milhões de toneladas.

Na semana passada, o CEO do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, de que iria deixar de comprar carnes vendidas por países do Mercosul. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sugeriu nesta segunda-feira que o Congresso irá pautar medidas de “reciprocidade econômica” contra a França.

O acirramento das relações comerciais entre produtores brasileiros e o varejo francês teve como estopim texto do CEO do Carrefour publicado nas redes sociais na última quarta-feira em que ele defende um “bloqueio” contra a compra de uma carne que “não respeita suas exigências e padrões”.

 

A declaração de Alexandre Bompard aconteceu em meio à onda crescente de protestos promovidos por agricultores franceses contra o projeto de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Em reação à fala do executivo, os maiores frigoríficos brasileiros decidiram suspender o fornecimento de carne ao grupo no país, que também comanda a rede Atacadão.

Na última sexta-feira, foi a vez da varejista Les Mousquetaires, dona das marcas Intermarché e Netto, se comprometer a não vender carne bovina, suína e de aves de países da América do Sul e disse que a decisão visava apoiar a comunidade agrícola da França.

Dados do Ministério da Agricultura mostram que a União Europeia está atrás de mercados importadores de carnes do Brasil. O principal comprador é a China, que garantiu, nos dez primeiros meses deste ano, uma receita de US$ 4, 8 bilhões, seguida por Estados Unidos (UW$ 1,026 bilhão), Emirados Árabes Unidos (US$ 568 milhões) e Hong Kong (US$ 335 milhões).

Representantes do setor privado argumentam que pode haver alguma margem de erro nas contas. Isto porque grande parte das exportações do Brasil entram pelo porto de Roterdã e só depois são redistribuídas para os outros países do bloco europeu. Mesmo assim, consideram que a quantidade é extremamente baixa em relação a outros mercados.

Outro ponto a favor do Brasil, no embate entre as empresas francesas que se dizem solidárias aos produtores do país é que a razão é meramente protecionista. A avaliação, compartilhada pelo governo brasileiro, é que, com a proximidade do fechamento de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, os movimentos contrários se expandam.

Em entrevista à GloboNews, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira, que se sente “feliz” com a reação de frigoríficos brasileiros em suspender o fornecimento de carne ao grupo Carrefour no Brasil.

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