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Economia

A hora e a vez do delivery

Com o isolamento social, provocado pela pandemia do Covid-19, serviço vem crescendo no Estado

A Think Collection, loja de roupas e acessórios, apostou num site próprio para garantir as vendasA Think Collection, loja de roupas e acessórios, apostou num site próprio para garantir as vendas - Foto: Gustavo Ferrer

Enquanto é requisitado o distanciamento social, a permanência em casa e o fechamento do comércio não essencial, alguns estabelecimentos e trabalhadores autônomos encontram no serviço de delivery uma esperança e única saída para manter o faturamento e ajudar aos que precisam dos serviços e produtos ofertados.

Desde o último dia 22, através de decreto assinado pelo governador Paulo Câmara, todo o comércio e serviços não essenciais foram suspensos. Com a medida, trabalhadores autômonos buscam meios de manter a renda e continuar com seus negócios. O cabeleireiro Diego Veríssimo é um dos exemplos de como o delivery de produtos está sendo uma saída durante a pandemia do Coronavírus. Além da entrega dos produtos, ele fornece um passo a passo de como cuidar do cabelo em casa. “Estamos fechados e sem previsão de reabertura, o salão é minha única fonte de renda. Com o delivery tenho em média de 10 à 15 entregas por dia, vários produtos do meu estoque já esgotaram, minhas vendas cresceram em mais de 100%. Com o faturamento, tenho conseguido cobrir minhas despesas fixas no salão e pagar as minhas funcionárias. Já fiz pedido de produtos para reabastecer meu estoque quando voltar as atividades em meu estúdio”, comenta.

Diego diz que faz as entregas pessoalmente e que preza pelo cuidado com a higienização do material. “Tudo é limpo com álcool 70% e manuseado apenas por mim. Oriento as minhas clientes a descartarem as embalagens antes de entrar em casa”.

“Tínhamos que achar alguma alternativa. As contas para pagar não iriam parar de chegar e precisávamos pagar nosso funcionário”. José Douglas e João Lima são sócios da iPhone Space, loja que oferece serviços de assistência técnica para telefones celulares. Após a notícia de que o comércio seria fechado, eles encontraram no delivery uma alternativa para manter o faturamento. “Pedimos para o cliente colocar o aparelho em um envelope fechado e nosso motoqueiro, devidamente protegido, vai buscar. Fazemos a limpeza, efetuamos o serviço e depois devolvemos com todo o cuidado”. Apesar da diminuição da demanda, os sócios reforçam a importância do delivery neste momento. “É de onde estamos tirando toda a nossa renda. Temos um fluxo de caixa, mas o dinheiro acaba indo embora. O delivery não pode parar, pensamos até em continuar com esta ideia depois que isso tudo passar”, complementa João.

Com a chegada da Páscoa e a expectativa de diminuição de vendas devido à quarentena, a unidade da Brasil Cacau do Shopping Guararapes viu o delivery como oportunidade para não contabilizar apenas prejuízos. “Pensávamos que não teríamos vendas de Páscoa. Este é um período importante para a saúde financeira do nosso negócio. Mas aprendemos coisas novas, fortalecemos nosso trabalho em equipe e as pessoas foram solidárias conosco e nos mostraram novos caminhos”, comenta Karla Menezes, franqueada da Brasil Cacau. Os pedidos são realizados pelo WhatsApp e a entrega é feita no dia seguinte. “Nossas vendas ficaram reduzidas aos produtos de Páscoa e as pessoas, por estarem cumprindo o isolamento social, estão comprando apenas para o seu ciclo de convivência”.

Gustavo Ferrer, idealizador e proprietário da Think Collection, loja de roupas e acessórios localizada no centro do Recife, apostou em site próprio para garantir as vendas durante a quarentena. “A demanda já vinha crescendo muito e tinha a necessidade de escoar nossa produção estocada que, mesmo pequena, movimenta o fluxo de caixa da loja. Eu estava trabalhando na produção de peças para lançar uma coleção nova, precisei deixar tudo de lado, liberar a minha equipe de costureiras para ficarem em casa de quarentena e redobrar os esforços para o trabalho online”, comenta. Sem expectativa de reabertura do comércio, Gustavo avalia o ramo artístico que está inserido com ponto positivo neste momento de dificuldade. “Os artistas têm se apoiado muito, compartilhando e divulgando o trabalho um do outro e isso nos têm dado força para continuar”.

Em contramão da realidade majoritária, o comércio erótico do Recife parece ter sido beneficiado de certa forma pela quarentena. “Vimos nossa demanda aumentar significativamente, talvez pelo reflexo do isolamento físico e pela necessidade de manter a atividade sexual de maneira que as pessoas não se expusessem ao risco de transmissão. Também houve aumento na procura por produtos eróticos que proporcionam possibilidades criativas de sentir prazer”, avalia Diogo Didier, proprietário do sex shop Funky Banana. “Neste momento o serviço de entrega se tornou imprescindível, não se tratando apenas de uma saída para o comércio enfrentar a crise, como também de garantir a satisfação do cliente e o isolamento social”, conclui. 

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