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NEGÓCIOS

Ações da Azul sobem quase 7% após reperfilamento de dívida

Aérea também surfou no dólar mais baixo em quase dois meses; cerca de 60% dos custos operacionais do setor são dolarizados

Avião da AzulAvião da Azul - Foto: Azul Linhas Aéreas/Divulgação

A Azul, que chegou a subir 10% durante o pregão desta quarta-feira, encerrou o dia em valorização de 6,98%, valendo R$ 4,60. O papel liderou a ponta positiva do Ibovespa, o principal índice da B3, que encerrou em queda de 0,3%, aos 122.971 pontos.

O papel reagiu ao anúncio da aérea sobre o reperfilamento do endividamento. Anunciado antes da abertura do pregão, a Azul informou que quase todos os títulos emitidos pela empresa foram trocados por novas obrigações.

Notas seniores garantidas, um tipo de título de dívida, que teriam seus vencimentos em 2028, 2029 e 2030, tiveram quase toda sua totalidade trocados. A postergação do prazo desses títulos, diz analistas, traz alívio ao perfil de alavancagem da empresa:

— Foi um passo importante para aliviar endividamento, melhorar a posição financeira, já que a empresa vem enfrentando bastante dificuldade financeira após a pandemia — diz Gustavo Trotta, da Valor Investimentos.

Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, pontua que a redução no câmbio vista nesta quarta — o dólar alcançou o menor patamar em quase dois meses, furando o piso de R$ 6 — contribuiu para a alta do papel.

— É uma empresa que tem boa parte da sua empresa em dólar. É um fator que colabora para o movimento de alta — ela diz. A queda na moeda americana reduz custos de combustível e outros contratos da empresa. Cerca de 60% dos custos operacionais das empresas aéreas são dolarizados.

Ontem, a coluna Capital, d’O Globo, informou que um personagem com passagens pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) defenderá a fusão entre a Azul e a Gol no processo que tramita na autarquia. Será o advogado Luiz Augusto Hoffmann, que foi conselheiro do Cade entre 2019 e 2023.

Ainda segundo a nota, a Abra também será orientada pelo Caminati Bueno Advogados, escritório especializado na área concorrencial e antitruste, e, como consultor econômico, Carlos Ragazzo, professor da FGV-Rio, e que foi superintendente Geral do Cade entre 2012 e 2014 e conselheiro da autarquia entre 2008 e 2012.

— Como a fusão é muito bem vista pelo mercado, uma banca de advogados com maior expertise pode ser o fato que trouxe um destravamento de valor — afirma Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Memorando de entendimento
A Azul e da dona da Gol, o grupo Abra, decidiram formalizar, na semana passada, a intenção de unir os negócios com um memorando de entendimento.

As empresas planejam manter seus certificados operacionais independentes, o que significa que as marcas e operações ficarão separadas, embora com sinergias nas malhas aéreas. Será possível combinar voos das duas empresas em um mesmo bilhete, por exemplo, contemplando cerca de 200 destinos. Juntas, Gol e Azul terão 60,3% do mercado doméstico brasileiro, contra 39,4% da Latam.

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