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Ações da Vale sobem 4% com acordo sobre Mariana e resultados financeiros

Lucro líquido do terceiro trimestre ficou em R$ 13,4 bilhões, queda de 3,4% ante igual período de 2023, mas as receitas subiram 2% no mesmo período, para R$ 53 bilhões

Rompimento da barragem em Mariana, Minas GeraisRompimento da barragem em Mariana, Minas Gerais - Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

Com menos de um mês no cargo, o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, apresentou nesta sexta-feira resultados financeiros bem recebidos pelo mercado e pôde comemorar o acordo de reparação financeira pelo desastre ambiental de Mariana (MG), ocorrido em 2015. Perto do fechamento do mercado, pouco antes das 16h, a Vale saltava pouco mais de 4% na Bolsa.

O pregão reage tanto à confirmação do acordo sobre Mariana, firmado nesta sexta-feira em Brasília, quanto aos resultados financeiros, divulgados na noite de quinta-feira, quando o mercado já estava fechado.

O lucro líquido do terceiro trimestre ficou em R$ 13,4 bilhões, queda de 3,4% ante igual período de 2023, mas as receitas subiram 2% no mesmo período, para R$ 53 bilhões.

Acordo de Mariana já reduziu o lucro
A queda no lucro foi em parte explicada pelo acordo sobre Mariana – o rompimento de uma barragem de rejeitos da Samarco, empresa cujo controle é dividido, meio a meio, entre a Vale e a BHP Billiton, outra gigante global da mineração, deixou 19 mortos na cidade mineira e arrastou um mar de lama pelo Rio Doce, até o litoral do Espírito Santo.

As mineradoras já vinham investindo em ações de reparação, mas um acordo formal com a União, governos estaduais e intermediação judicial foi firmado somente nesta sexta-feira.

A compensação custará um total de R$ 170 bilhões, como já havia sido anunciado – R$ 38 bilhões já aplicados pelas empresas, enquanto a Samarco gastará mais R$ 32 bilhões em obrigações e outros R$ 100 bilhões em compensações serão pagos pelos próximos 20 anos.

Neste quarto trimestre, a Vale gastará R$ 3,7 bilhões relacionados ao acordo da Samarco, informou a companhia, em teleconferência com analistas de mercado, nesta sexta-feira. No ano que vem, as despesas serão de R$ 11 bilhões e, em 2026, ficarão em R$ 6 bilhões, caindo gradualmente ano a ano.

Por isso, a Vale aumentou em US$ 1 bilhão, para um total de US$ 4,7 bilhões, as provisões para perdas relacionadas à Samarco em seu balanço financeiro. As provisões funcionam como uma “reserva” para perdas esperadas. Significa que a empresa separa, no balanço, um valor que estima que terá que gastar no curto e médio prazo.

Mesmo que o gasto não tenha sido ainda efetivado, pelas regras contábeis, as provisões são abatidas do lucro final.

Cotação menor do minério de ferro atrapalha
Outro motivo para o lucro menor no terceiro trimestre foi a queda de 7,6% na geração de caixa (medida pelo Ebitda, sigla em inglês que significa ganhos antes de juros, impostos, depreciação e amortização), para R$ 20,049 bilhões.

Esse recuo foi explicado pelas menores cotações globais do minério de ferro, de longe o principal produto da Vale. Mesmo assim, a geração de caixa do terceiro trimestre ficou acima do inicialmente estimado por alguns analistas, principalmente porque o volume de produção e vendas entre julho e setembro foi maior.

Isso já havia sido informado no relatório de produção, divulgado semana passada, e se refletiu na alta de 2% das receitas.

Outro fator que permitiu à Vale registrar uma geração de caixa maior do que o inicialmente estimado por analistas foram custos menores. O indicador de custo mais usado pela mineradora ficou em US$ 20,60 por tonelada de minério de ferro produzida, 6% abaixo do terceiro trimestre de 2023.

A Vale informou que, apenas em setembro, esse indicador de custo ficou em US$ 18,20 por tonelada, o que indicaria uma tendência de queda para este quarto trimestre. Com isso, a Vale informou, no relatório sobre os resultados financeiros, que “está confiante” em atingir a banda inferior de sua meta para o indicador de custos, que vai de US$ 21,50 a US$ 23,00 por tonelada.

Para analistas, números são positivos
Volume de produção maior e custo menor sustentaram avaliações positivas sobre os resultados por parte de analistas de bancos de investimento. “O destaque foi o desempenho de custos”, diz um relatório do Itaú BBA, de antes da teleconferência sobre os dados.

“No geral, a Vale divulgou resultados sólidos”, segundo um relatório do Santander, também anterior à apresentação da diretoria da Vale.

Ainda na manhã desta sexta-feira, os analistas do BTG Pactual destacaram os mesmos pontos positivos, mas demonstraram cautela em relação às perspectivas de médio e longo prazo para a mineradora brasileira.

“Observamos alguns desenvolvimentos positivos na história da Vale recentemente, como a melhora nas expectativas de volumes de minério de ferro e os avanços positivos em relação ao acordo da Samarco”, diz o relatório do BTG, assinado por Leonardo Correa e Marcelo Arazi, para em seguida citar algumas “incertezas”: “A situação macroeconômica da China continua vulnerável (apesar das discussões recentes sobre estímulos), o que pressiona todo o complexo de aço e cria uma sobrecarga significativa para os preços do minério de ferro”.

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