Adeus bala de aviõezinhos? Em meio à turbulência em Bolsa, Azul corta snacks de voos mais curtos
Empresa aérea afirma que iniciativa é 'momentânea' e foi tomada devido a questões de abastecimento
Enfrentando turbulência na cotação de suas ações em Bolsa, a Azul Linhas Aéreas restringiu a oferta de snacks (salgadinhos, bolinhos e balas) a bordo de seus voos domésticos. A empresa afirma que a mudança é momentânea e foi tomada por questões de abastecimento.
Fontes que tiveram acesso a comunicado interno da aérea explicam que os voos com duração inferior a 45 minutos estão com a distribuição de snacks suspenso, com o serviço de bordo restrito à água. A exceção são as linhas consideradas de alto movimento, como a ponte aérea Rio-São Paulo.
A empresa afirmou, por meio de nota que, “devido a desafios no abastecimento, o serviço de snacks seguirá sendo oferecido, momentaneamente, com cardápio adaptado”. E acrescentou que, “assim que possível, deve retomar a normalização da distribuição”.
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Refrigerante limitado
Segundo informações de mercado, já que a Azul não detalhou as mudanças no serviço de bordo, nos voos que duram mais de 45 minutos, a empresa mantém a oferta dos snacks — que fizeram a fama da Azul pela distribuição ilimitada desses lanches aos passageiros —, porém limitados a uma unidade por viajante.
Os refrigerantes só entram no leque de opções de bebidas a partir das 11h, enquanto o café permanece nos voos com mais de duas horas de viagem ou nos de alta movimento e premium, como a ponte aérea Rio-São Paulo. As linhas operadas em aviões ATR deixam de ter café e refrigerante.
A Azul não informou até quanto essa alteração no serviço de bordo dos voos domésticos será mantida.
Em maio, clientes da Azul reclamaram da cobrança de uma taxa para resgate de pontos do programa de fidelidade da companhia para a emissão de passagens. Na semana passada, a Justiça do Rio determinou a restituição dessa taxa a um passageiro.
Sobe-e-desce na Bolsa
Nesta terça-feira, as ações da Azul entram em leilão na Bolsa, após alta de mais de 12%. Este mecanismo é utilizado quando ocorre forte oscilação no valor do papel. Com isso, as negociações das ações da empresa foram interrompidas por um intervalo de dez minutos.
Os papeis da aérea, na segunda-feira, lideraram as perdas do Ibovespa, com recuo de 18,8%, a R$ 4,441. Depois do fechamento do mercado, a agência de classificação de risco S&P rebaixou a nota de longo prazo da Azul, que passou de B- para CCC+, sob o argumento de que os resultados da companhia no primeiro semestre foram fracos.
Após a retomada das negociações das ações, o papel registrava alta de 0,91%, cotadas a R$ 4,45.
No dia 29 de agosto, a s ações da Azul chegaram a registrar 25% de queda na Bolsa depois que notícias foram veiculadas informando que a empresa estaria planejando apresentar um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, ingressando no regime chamado de Chapter 11, enquanto a companhia trabalhava para encontrar formas de honrar compromissos perto do vencimento.
Negociações ativas
Também no dia 29 , a Azul divulgou um comunicado ao mercado afirmando que está em “negociações ativas” com os principais acionistas para otimizar a reestruturação de sua dívida, conforme previsto em acordo fechado no ano passado com arrendadores de aeronaves.
O CEO da empresa aérea, John Rodgerson, frisou em entrevista ao GLOBO que pedir recuperação judicial está fora de cogitação.
Segundo o executivo, o principal foco neste momento é alcançar um acordo com esses arrendadores de aeronaves, o que poderia ocorrer em até 30 dias. E, adiante, atuar na captação de recursos, lembrando que a empresa pode utilizar a Azul Cargo em garantia a processos de captação no valor de até US$ 800 milhões.
No curto prazo, a companhia tem obrigações no valor de US$ 660 milhões a pagar.
Parceria com a Gol
Em paralelo, a empresa aérea avalia as possibilidades para fechar um acordo ou fusão com a concorrente Gol, que está em recuperação judicial. Essa parceria, contudo, de acordo com Rodgerson, seria um negócio em paralelo, sem conexão com as negociações em curso.
A Azul dialoga com o Abra Group, controlador da Gol e da Avianca. Mas um acordo só poderá ser selado após a apresentação do plano de recuperação da Gol à Justiça americana e ao entendimento de como ficará a estrutura da empresa ao concluir o Chapter 11.
Desde meados do ano, Azul e Gol passaram a operar voos em sistema compartilhado no Brasil em rotas exclusivas, ou seja, naquelas em que só uma das duas empresas opera.