Adversários admitem reduzir pressão para Prates deixar Petrobras caso ele cumpra condições
Opositores reconhecem que podem concordar com permanência se executivo diminuir o que entendem como visão pró-mercado e apresente plano de investimento em gás, fertilizantes e refino
Após conversas durante o fim de semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, adversários do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, dentro do governo passaram a admitir a possibilidade de concordar com a permanência do CEO à frente da estatal desde que ele se mostre disposto a cumprir determinadas condições.
Há expectativa que Lula convoque Prates para uma reunião nas próximas horas. Entre as condições a serem colocadas para o presidente da Petrobras estão reduzir o que consideram ser uma visão em excesso a favor do mercado, parar de falar mal dos representantes da União no conselho da companhia, apresentar um plano de investimento em gás, fertilizantes e refino.
A avaliação no Planalto, porém, é que a situação do CEO da estatal continua frágil diante da crise e a sua saída do cargo pode acontecer a qualquer momento. Ao longo do fim de semana, Lula tratou da crise da Petrobras em ligações telefônicas para os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil).
O presidente chegou a convocar os três ministros para anteciparem a volta de seus estados para Brasília na noite de domingo para participarem de uma reunião no Palácio da Alvorada. Mas Lula se irritou com o vazamento de que o encontro aconteceria e o cancelou.
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Na manhã desta segunda-feira, Lula recebeu Haddad no Palácio do Planalto, em uma reunião que não constava da agenda oficial. Também ganhou força nas últimas horas a possibilidade de o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, assumir a presidência do conselho de administração da estatal. A indicação seria uma forma de contrabalancear a gestão de Prates e assim evitar a troca no comando da companhia.
A possibilidade de saída de Jean Paul Prates do comando da Petrobras ganhou tração depois de o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, admitir na semana passada, em entrevista à Folha de S. Paulo, ter conflitos com o CEO da estatal.
Os embates entre Prates e Silveira já vinham se arrastando desde o início do governo. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também tem restrições ao trabalho do presidente da Petrobras.
O alinhamento entre Silveira e Rui Costa contra Prates foi visto na crise provocada pela decisão da Petrobras de não pagar os dividendos extras ao acionista, no mês de março. O presidente da Petrobras queria que os dividendos fossem pagos e os dois ministros, não. Haddad atuou na crise junto com o presidente da estatal.
Apesar de o ministro da Fazenda ter se alinhado a Prates no episódio do pagamento de dividendos, integrantes do governo não enxergam disposição de Haddad de se empenhar pela permanência do atual presidente da Petrobras.