Alívio temporário do auxílio emergencial teve maior impacto entre as crianças, mostra estudo
Levantamento feito pelo economista Paulo Tafner apontou queda de 2,2 pontos percentuais na pobreza com benefício de R$ 600 em 2020
O auxílio emergencial de R$ 600, criado em 2020 para amenizar os efeitos da pandemia na economia, foi capaz de reduzir a pobreza em 2,2 pontos percentuais (p.p.) entre 2019 e 2020.
Nesse período, com o benefício aprovado pelo Congresso com um valor bem acima do inicialmente proposto pelo governo, foram tirados da situação de pobreza 4,27 milhões de pessoas. O percentual de pobres no país caiu de 19,2% para 17% naquele momento, a maior queda em uma década.
A conclusão é de um estudo do economista Paulo Tafner para o Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) que utilizou como base a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE e considerou como pobres quem tem renda de até meio salário mínimo por pessoa da família.
Com base no universo de 68,2 milhões de pessoas beneficiadas em 2020, o estudo constatou que a redução da pobreza foi mais expressiva entre crianças e adolescentes do que entre adultos e idosos. Esses segmentos da população têm acesso a outros programas como aposentadoria, desemprego, por exemplo. Pessoas já atendidas pelo governo não puderam receber o auxílio.
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Na faixa etária de até 5 anos, a incidência de pobres baixou de 32,6% da população para 26,8% na época. Já entre 40 anos e 64 anos, o percentual passou de 13,3% para 12,6%. Acima de 65 anos, o índice subiu 1 ponto percentual, para 4,7%.
O impacto também foi maior na zona rural, onde o universo de pobres caiu de 36,9% para 29%. Nas áreas urbanas fora das regiões metropolitanas, a proporção de pobres passou de 17,3% para 14,9%.
— Muita gente da zona rural está no cadastro e tem renda, mas esporádica, depende da produção, da colheita. Na hora em que você jogou o auxílio de R$ 600, tirou pessoas da pobreza — observa Tafner.
O benefício de R$ 600 foi concedido por cinco meses. Depois, o valor caiu para R$ 300. Em 2020, o Índice de Gini, que mede a desigualdade, ficou em 0,52. Sem o auxílio teria sido de 0,56, segundo a pesquisa. Quanto mais próximo a 1, mais desigual é o país.
Em novembro, o governo anunciou o Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família com mínimo de R$ 400 para 18 milhões de famílias. Para Tafner, o novo programa não tem o mesmo efeito do auxílio emergencial, mas ainda não há dados do IBGE para mensurar.