Ambulantes de Olinda criticam exclusividade e reclamam dos preços das bebidas
Prefeitura anunciou que o contrato de exclusividade referente às bebidas será mantido
A Prefeitura de Olinda anunciou que o contrato de exclusividade referente às bebidas comercializadas no Carnaval 2023 será mantido apesar da recomendação contrária do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Às vésperas da abertura das festividades na cidade, que acontece nesta quinta-feira (16), ambulantes reconhecem que já houve exclusividade em outros carnavais, mas criticam o atraso na divulgação, por parte da gestão municipal, das marcas permitidas e os preços dos produtos.
“Não estamos reclamando da exclusividade, o problema é o atraso e a falta de informação. Tenho amigos que fizeram estoque de produtos que não poderão ser comercializados. Imaginem o prejuízo que essas pessoas terão”, diz a vendedora Ana Caroline, 26.
Outra queixa feita pelas ambulantes é o preço dos produtos. “As bebidas deles [dos patrocinadores] são caras. Querem que a gente pague R$ 54 em uma caixa de Heineken e R$ 38 em uma caixa de Devassa. Sem nenhum desconto. A gestão não está dando nenhuma assistência aos ambulantes”, critica Viviane Sales, 45, que comercializará bebidas durante a Folia de Momo.
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A ambulante Jorjete Maria Ferreira, 51, que já havia comprado outros produtos que seriam vendidos nas ruas de Olinda, diz que o pré-carnaval dos vendedores “está sendo uma experiência horrível”. “Estou com dezenas de pacotes de bebidas em casa e não vou poder vender. Paguei mais de R$ 100 pelo credenciamento e eles não oferecem nenhum desconto [na compra das bebidas em atacado]. Se a gente vender a latinha de cerveja por R$ 8, quem vai comprar? Não vamos ganhar dinheiro, infelizmente”, comenta.
Prefeitura libera empréstimos
O prefeito de Olinda, Professor Lupércio (Solidariedade), explicou porque a recomendação do Ministério Público não será cumprida: “A gente respeita a recomendação do MPPE, mas a questão maior é que temos que apoiar essa exclusividade. Porque, quanto mais apoio tiver, menos a gente precisa mexer nos nossos cofres públicos. Qualquer patrocinador quer exclusividade e temos que garantir isso”, diz o chefe do executivo municipal.
Questionada sobre a demora no anúncio da exclusividade, a secretária de Cultura de Olinda, Gabriela Campelo, afirma que “existia uma conversa prévia com os patrocinadores”, mas o anúncio oficial só pôde ser feito com o contrato assinado.
De acordo com a Prefeitura de Olinda, haverá uma assistência financeira aos ambulantes que precisarem de dinheiro para adquirir novos produtos. O Crédito Popular Especial, programa de empréstimos oferecido pela gestão, oferece R$ 500 para tabuleiros e barraqueiros já cadastrados na Secretaria de Meio Ambiente e Planejamento Urbano. A dívida pode ser quitada em dez parcelas mensais, com a adição de juros de 1% ao mês.
Para aderir ao crédito especial, os trabalhadores informais devem comparecer à sede da Secretaria de Meio Ambiente e Planejamento Urbano, na Estrada do Bonsucesso, 306, com os seguintes documentos (original e cópias): RG, CPF e comprovante de residência. Segundo a secretaria, os valores devem ser liberados em até 48 horas após a solicitação.