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Crise

Americanas: Comitê vai levar dois meses para concluir investigação. Auditorias ficam de fora

Relatório final será entregue ao conselho de administração

Fachada das Lojas AmericanasFachada das Lojas Americanas - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

O comitê independente que vai apurar as irregularidades contábeis da Americanas não investigará a atuação das auditorias PwC e KPMG. A afirmação foi dada nesta quarta-feira pelo advogado Otavio Yazbek, que preside o comitê anunciado pela varejista em 12 de janeiro. O trabalho do grupo deve levar, ao menos, dois meses para ficar pronto.

Ao comentar o escopo da investigação com jornalistas, o advogado ressaltou que ele se limita à Americanas. A rigor, portanto, o grupo não investigará as empresas que auditoria independente PwC e KPMG. A primeira audita as demonstrações da Americanas desde o final de 2019. A segunda a antecedeu.

— O comitê tem competência para analisar tudo da companhia, tem pleno acesso a todos os documentos e a tudo o que está lá (na empresa). Naturalmente, não podemos investigar terceiros, quem está fora. O que vamos fazer é estabelecer um padrão de colaboração (com as auditorias) — ressaltou. O advogado participou de um evento a investidores promovido pelo banco Credit Suisse em São Paulo.

Yazbek foi questionado por jornalistas sobre se os dados que o comitê analisará são similares aos e-mails corporativos de administradores da Americanas que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que fossem entregues para produção antecipada de provas sobre eventual fraude contábil.

O TJ-SP atendeu a um pedido do Bradesco e determinou busca e apreensão de contas de e-mail corporativas da diretoria, do conselho de administraçã e dos comitês de auditoria da varejista nos últimos dez anos. O advogado não comentou o teor dos dados. Disse apenas que, no momento, o trabalho do comitê se concentra em checar a veracidade de documentos.

— A pior coisa que pode acontecer em um caso desses é haver discrepâncias. O mais importante para a gente é assegurar a integridade de documentos. A EY e o escritório de advocacia que estão nos assessorando estão neste momento com uma grande preocupação de garantir a integridade e que a gente consiga ter a certeza que os documentos são aqueles, que é a mesma coisa que está indo para todo o mundo — afirmou Yazbek.

O relatório final do comitê, segundo Yazbek, será entregue ao conselho de administração da Americanas, que poderá ou não publicá-lo.

O comitê tem competência para analisar tudo da companhia, tem pleno acesso a todos os documentos e a tudo o que está lá (na empresa). Naturalmente, não podemos investigar terceiros, quem está fora. O que vamos fazer é estabelecer um padrão de colaboração com essas instituições

— Eventualmente, a empresa pode apresentar o relatório para autoridades, para a sociedade, como foi feito em outros casos. Foi o que aconteceu em Brumadinho, por exemplo — disse.

Sobre questionamentos feitos pelo Bradesco quanto à imparcialidade dos membros do comitê, Yazbek afirmou que trata-se de uma "postura belicosa" do banco e que não atrapalha o trabalho do órgão.

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