Americanas contesta ex-CEO da empresa e diz que ele tinha participação na fraude
Em carta enviada à CPI, Miguel Gutierrez afirma que se tornou 'bode expiatório' do escândalo da varejista. Relatório final da comissão será divulgado nesta terça-feira (5)
A Americanas divulgou nota nesta terça-feira (5) em que contesta os argumentos do ex-CEO da empresa Miguel Gutierrez, apresentados em carta enviada à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), e o acusa de participação na fraude bilionária que levou a empresa a pedir recuperação judicial no início do ano.
Na carta encaminhada à CPI, Gutierrez diz que se tornou "bode expiatório" do escândalo da Americanas. O executivo afirma que está sendo "sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro", em referência aos acionistas majoritários da companhia Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.
Em nota a Americanas "refuta veementemente" as argumentações de Gutierrez. A companhia salientou que o ex-dirigente "não contestou em nenhum momento os documentos e fatos apresentados à Comissão no dia 13 de junho, que demonstram a sua participação na fraude".
A companhia diz que o relatório apresentado à CPI foi baseado em documentos levantados pelo Comitê de Investigação Independente, além de documentos complementares identificados pela administração e seus assessores jurídicos.
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E que esse relatório "indica que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas, capitaneada pelo senhor Miguel Gutierrez".
Gutierrez deixou a presidência da companhia em dezembro de 2022, quando foi substituído por Sergio Rial. Em janeiro do ano seguinte, Rial revelou uma "inconsistência contábil de R$ 20 bilhões", que se tornou foco de investigação da CPI.
O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito deve ser divulgado nesta terça-feira.
Desde fevereiro, a empresa é presidida por Leonardo Coelho Pereira. Ele deu seu depoimento à CPI no dia 13 de junho, quando disse que ex-diretores escondiam "fraude de resultado" e diziam que transparência seria "morte súbita".
Na nota, a Americanas diz que "confia na competência de todas as autoridades envolvidas nas apurações e investigações, reforça que é a maior interessada no esclarecimento dos fatos e irá responsabilizar judicialmente todos os envolvidos".