Americanas e Oi: veja em cinco pontos o que os dois casos têm em comum
Ambos elevaram a cautela dos bancos em relação à oferta de crédito no país. Ex-diretora financeira da tele ocupa o mesmo cargo na varejista
Se o pedido de recuperação judicial da Americanas, com dívidas de R$ 48 bilhões, já tinha elevado a cautela dos bancos em relação à oferta de crédito para empresas no país, a proteção contra os credores pedida pela Oi à Justiça na quarta-feira (1°), com débitos totais de R$ 29 bilhões deve potencializar esse cenário.
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Em pouco menos de um mês, duas grandes companhias foram à Justiça pedir a suspensão da execução de dívidas antes mesmo de requerer a recuperação judicial.
Para especialistas no setor financeiro consultados pelo GLOBO, os efeitos colaterais dessa sobreposição de crises podem ser o aumento nas taxas e juros cobrados de companhias e maior exigência de garantias, dificultando o acesso ao crédito para todas as empresas.
Veja em cinco pontos o que os dois casos têm em comum:
O instrumento jurídico utilizado
Tanto a Americanas quanto a Oi pediram à Justiça uma cautelar antecedente, ou seja, uma decisão de caráter provisório, que suspendesse execuções de dívidas enquanto as empresas preparam um pedido de recuperação judicial.
A equipe jurídica à frente dos casos
A equipe jurídica dos dois casos é a mesma, liderada por Ana Tereza Basílio, ex-juíza do TRE-RJ, Paulo Cesar Salomão Filho e Luis Felipe Salomão Filho.
Os dois últimos são filhos, respectivamente, de um desembargador do TJ-RJ e de um ministro do STJ. No caso da Oi, também entrou no caso o escritório BMA.
Mesma diretora financeira
O Conselho de Administração da Americanas aprovou em janeiro a contratação de Camille Loyo Faria como sua nova diretora financeira. A executiva ocupou o mesmo cargo na Oi, nos anos finais de sua recuperação judicial. Camille estava na TIM desde 2021.
As altas dívidas financeiras
A operadora diz dever R$ 29 bilhões a bancos e bondholders. Em setembro, sua dívida total era de R$ 21,9 bilhões. Em sua lista de credores apresentada à Justiça, a Americanas divulgou ter R$ 35 bilhões a pagar para bancos e investidores, de um total de R$ 41,2 bilhões em dívidas.
O passivo foi estimado pelos administradores judiciais do processo da verejista, no entanto, em R$ 47,9 bilhões.
Iminente recuperação judicial e plano draconiano à vista
As estratégias de Oi e Americanas com os pedidos de cautelares foram vistas pelo mercado como formas de ganhar tempo para inevitáveis pedidos de recuperação judicial, como de fato ocorreu na Americanas.
Há expectativa, ainda, de que os planos das duas empresas proponham elevados descontos a credores.