Americanas propõe injeção de até R$ 12 bi e venda do Hortifruti, mas plano pode ser alterado
Acionistas de referência vão aportar R$ 10 bilhões em dinheiro na operação que conta com outros R$ 2 bilhões em linhas de empréstimo. Plano não agradou credores
A Americanas apresentou nesta segunda (20) a primeira versão de seu plano de recuperação judicial, que prevê aporte de R$ 10 bilhões dos acionistas de referência, Marcel Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann, que são sócios da 3G Capital, a venda de ativos, a conversão de dívidas em ações e a recompra de parte da dívida. Os detalhes do novo plano foram antecipados pelo colunista Lauro Jardim.
Os R$ 10 bilhões de aporte oferecidos pelos acionistas de referência é R$ 2 bilhões a mais que a última proposta apresentada, no início deste mês. Com isso, levando em conta os outros R$ 2 bilhões em financiamento viabilizado por eles, o total de injeção de recursos chega a R$ 12 bilhões, segundo o plano apresentado à Justiça.
A varejista tinha até hoje o prazo para apresentar o plano na 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio. Porém, segundo fontes do setor, o novo plano é visto dentro da rede varejista como um primeiro esboço do plano de recuperação judicial, pois os bancos, que são os principais credores, já sinalizaram em conversas com os representantes da rede de varejo que é necessário um aporte dos acionistas entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões.
A rede varejista tem dívidas de R$ 42,482 bilhões e 9.462 credores. A Americanas entrou em recuperação judicial há dois meses após o então presidente Sergio Rial ter revelado "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões nas contas da varejista.
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Desde fevereiro, a varejista já havia contratado a Boston Consulting Group para reavaliar sua nova estratégia e traçar quais ativos devem ser vendidos. A proposta prevê a venda de ativos como o Hortifruti/Natural da Terra, o grupo Uni.Co (Puket, Imaginarium e Love Brands), a participação na Vem Conveniência, joint venture com a Vibra (ex-BR Distribuidora), e o jato da varejista.
Além disso, a empresa informou que pretende fazer a conversão de parte da dívida em até R$ 10 bilhões - menor que os R$ 18 bilhões oferecidos anteriormente aos credores. Além disso, segundo as fontes, a proposta prevê a recompra de R$ 2,5 bilhões através de um leilão, bem abaixo dos R$ 12 bilhões já oferecidos. Para isso, a empresa pretende usar parte do aporte dos R$ 10 bilhões que foram oferecidos pelos acionistas de referência.