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Americanas revela emails de Gutierrez e volta a acusá-lo de fraude

Executivo teria sugerido a diretores não levar a uma reunião com Rial, que assumiria a presidência da companhia dias depois, dados sobre a real situação da empresa

Loja AmericanasLoja Americanas - Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

A Americanas voltou a refutar argumentos do ex-CEO da empresa Miguel Gutierrez de que desconhecia a fraude envolvendo a companhia e o acusou de não apresentar provas sobre o que diz, segundo petição protocolada neste domingo pela varejista na Justiça de São Paulo. O documento foi antecipado pela colunista do Globo Malu Gaspar.

Além de carta enviada à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na qual afirma que foi "bode expiatório" do escândalo envolvendo a companhia, Gutierrez também apresentou argumentos em processo movido pelo Bradesco contra a Americanas na Justiça paulista.

O executivo afirma que está sendo "sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro", em referência aos acionistas majoritários da empresa Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.

A Americanas divulgou nota nesta segunda-feira elencando documentos anexados por ela à petição ajuizada na véspera. A partir desse material, a empresa sustenta que, ao contrário do que disse à CPI, Gutierrez acompanhava a contabilidade da empresa de perto.

Entre os documentos, está um arquivo digitalizado "com anotações de próprio punho de Miguel Gutierrez, localizadas em equipamento eletrônico da companhia por ele utilizado". Nesse arquivo estão duas versões dos demonstrativos da Americanas, uma de uso interno da antiga diretoria e outra destinada ao Conselho de Administração, diz a nota.

Também foi anexado um e-mail enviado por Gutierrez aos ex-diretores com orientações para que não fossem levadas, em reunião com Sérgio Rial - que iria assumir a presidência da empresa dias depois -, respostas a dúvidas sobre o quarto trimestre de 2022 e endividamento da companhia.

De acordo com a colunista Malu Gaspar, essa troca de mensagens teria ocorrido na manhã de 27 de dezembro de 2022, quando Gutierrez é consultado pelo então diretor financeiro da B2W, Fabio Abrate, sobre uma lista de perguntas enviada por Rial - a B2W é a empresa de e-commerce do grupo.

Rial queria saber, entre outras coisas, se o resultado do quatro trimestre acionaria algum gatilho de execução de garantias de debêntures (títulos da dívida da empresa). Isso porque a companhia vinha de um terceiro trimestre ruim, com queda nas vendas e crescimento acelerado da dívida.

Abrate encaminha a mensagem para alguns diretores, e Gutierrez questiona ao grupo: "Vamos tratar com ele, ou deixa para depois?". Abrate diz que a discussão pode ajudar a "elucidar o tema", mas "vai precipitar a conversa do 4º trimestre".

A seguir, coloca alguns complicadores e encerra: "Levaríamos o material anexo para explicar. Veja o que acha". Gutierrez responde: "E se não levar nada. Só na conversa e caso seja demandado apresenta?" Abrate concorda: "Acho que funciona".

Um terceiro email anexado à petição protocolada no domingo foi enviado pelo ex-CEO aos ex-diretores envolvidos na fraude, no qual Gutierrez reclama do “mar de comentários”, referindo-se a questionamentos dos membros do Comitê de Auditoria.

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