PRÊMIO NOBEL

Americanos Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig ganham o Nobel de Economia

Este prêmio, ao contrário dos outros prêmios Nobel, não foi contemplado pelo cientista Alfred Nobel

O secretário-geral da Real Academia Sueca de Ciências e os membros do comitê do Prêmio Nobel de Economia em entrevista coletiva para anunciar os vencedores do Prêmio Sveriges Riksbank de 2022 O secretário-geral da Real Academia Sueca de Ciências e os membros do comitê do Prêmio Nobel de Economia em entrevista coletiva para anunciar os vencedores do Prêmio Sveriges Riksbank de 2022  - Foto: Anders WiklundI / TT NEWS AGENCY / AFP

Três americanos, incluindo o ex-presidente do Fed Ben Bernanke, ganharam o Prêmio Nobel de Economia nesta segunda-feira (10) por suas contribuições para explicar o papel dos bancos na economia

Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig foram homenageados por terem "melhorado significativamente nossa compreensão do papel dos bancos na economia, particularmente durante crises financeiras, bem como a forma de regular os mercados financeiros", disse o júri.

"Suas análises foram de grande importância prática na regulação dos mercados financeiros e no enfrentamento de crises", acrescentou o comitê de premiação.

Bernanke, de 68 anos, foi presidente do Federal Reserve de 2006 a 2014 durante a crise financeira de 2008 e foi conhecido por sua análise da "pior crise econômica da história moderna", a Grande Depressão da década de 1930

Em seu papel à frente do emissor americano, Bernanke "foi capaz de traduzir seu conhecimento de pesquisa em política" durante a crise financeira, disse o Comitê do Nobel.

Bernanke foi elogiado por sua política pouco ortodoxa em resposta à crise, que combinou um corte nas taxas de juros com uma injeção de liquidez no sistema financeiro.

Pânico bancário
Diamond, professor da Universidade de Chicago, e Dybvig, acadêmico da Washington University em St. Louis, foram premiados por mostrarem "como a oferta bancária é uma ótima solução" para canalizar a poupança para investimentos, agindo como um intermediário. 

Esses dois acadêmicos analisaram como essas instituições são vulneráveis aos movimentos de pânico bancário.

"Se um grande número de poupadores for simultaneamente ao banco para retirar seu dinheiro, um boato pode se tornar uma profecia autorrealizável: acontece uma corrida ao banco, e o banco entra em colapso", escreveu o Comitê do Nobel.

O comitê acrescentou que essa dinâmica perigosa pode ser evitada, se os governos fornecerem seguro de depósito e derem aos bancos uma tábua de salvação, tornando-se credores de última instância. 

"Os conhecimentos dos ganhadores melhoraram nossa capacidade de evitar crises sérias e resgates caros", disse o presidente do Comitê do Prêmio de Economia, Tore Ellingsen.

"Em suma, a teoria diz que os bancos podem ser tremendamente úteis, mas sua estabilidade é garantida apenas se forem devidamente regulamentados", acrescentou.

Em declarações à imprensa, Diamond refletiu sobre a decisão das autoridades americanas de não resgatarem o banco de investimento Lehman Brothers, no epicentro da crise financeira, como fizeram, posteriormente, com outras instituições.

A queda deste banco causou réplicas em todos os mercados financeiros quando foi anunciada em 2008.

"Teria sido melhor encontrar uma maneira mais adaptada, uma maneira menos instável e inesperada de resolver a questão do Lehman Brothers", avaliou Diamond, acrescentando que havia dúvidas sobre o que os reguladores poderiam fazer na época. 

"Se eles tivessem encontrado alguma maneira, acho que o mundo teria tido uma crise menos grave do que teve", disse ele.

Um "Nobel falso"
Ao contrário dos outros prêmios Nobel, o de Economia não foi contemplado pelo cientista Alfred Nobel quando ele estabeleceu essas distinções, sendo criado posteriormente pelo Banco Central da Suécia. Por esse motivo, às vezes é chamado de "falso Nobel". 

Mas, assim como os outros prêmios, os ganhadores recebem uma medalha e 10 milhões de coroas suecas (cerca de 900 mil dólares) em uma cerimônia em 10 de dezembro.

De todos os Prêmios Nobel, a Economia é a que tem menos mulheres premiadas. Apenas duas acadêmicas foram reconhecidas desde sua criação em 1969: Elinor Ostrom em 2009 e Esther Duflo em 2019. 

No ano passado, este prêmio foi concedido ao canadense David Card, ao americano-israelense Joshua Angrist e ao americano-holandês Guido Imbens por suas pesquisas que "revolucionaram a pesquisa empírica" e contribuíram para uma melhor compreensão dos mercados de trabalho.

O anúncio deste prêmio encerra a temporada dos Nobel este ano.

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