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Mercado financeiro

Analistas esperam que troca na Petrobras afete ações de outras estatais

Falas do presidente têm elevado a cautela dos investidores

Centro de Distribuição da Petrobras no SIA, Terminal Terrestre de BrasíliaCentro de Distribuição da Petrobras no SIA, Terminal Terrestre de Brasília - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

As falas do presidente Jair Bolsonaro do sábado (20), sobre novas trocas em seu governo, devem impactar o mercado acionário nesta semana. Além dos reflexos nas ações da Petrobras, a expectativa de analistas é que os efeitos da intervenção na gestão da companhia também respinguem em outras estatais listadas na Bolsa brasileira.

Na sexta-feira (19), a indicação do general Joaquim Silva e Luna por Bolsonaro como novo presidente da Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco, causou alvoroço no mercado e fez com que a companhia perdesse R$ 28,2 bilhões em valor de mercado.

No sábado (20), uma nova fala do presidente elevou a cautela dos investidores. "Vocês aprenderão rapidamente que pior do que uma decisão mal tomada é uma indecisão. Eu tenho que governar. Trocar as peças que porventura não estejam dando certo. [...] Na semana que vem teremos mais", afirmou o presidente a novos soldados do Exército, numa formatura da Escola Preparatria de Cadetes do Exército, em Campinas (SP).

Depois, afirmou que a mudança "não é de 'bagrinho', é de 'tubarão'", e que gasolina poderia estar 15% mais barata do que atualmente.
No mesmo dia, reclamou que "agora resolveram me atacar na energia" e disse: "Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também".

Segundo o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter, os novos comentários devem trazer apreensões ao mercado nesta segunda-feira (22).

"É difícil saber o que esperar e, mais ainda, se alguma outra empresa estatal será alvo de troca. As coisas já parecem ter apaziguado em relação ao caso Banco do Brasil e [Wilson] Ferreira Junior acabou de anunciar sua saída da Eletrobras. Não tem muito mais o que fazer",afirmou.

Em janeiro, o anúncio de que o Banco do Brasil estaria fazendo uma reestruturação organizacional irritou Bolsonaro, que ameaçou demitir o presidente do banco, André Brandão. A ministra Tereza Cristina (Agricultura) e o ministro Paulo Guedes (Economia) tiveram que intervir para evitar a saída do executivo.

Além disso, no final do mês, também houve o anúncio de que Ferreira Junior deixaria a presidência da Eletrobras, ficando na gestão da companhia até 5 de março.

Ferreira Junior decidiu sair em função da dificuldade na aprovação da privatização da estatal.

Segundo Fabio Bonchristiano, da Íris Investimentos, as decisões contraditórias de Bolsonaro também acabam assustando o mercado.

"O presidente precisa do dinheiro que o aumento da gasolina traz para o governo por causa do Orçamento restrito e diante da continuidade da pandemia, mas está se desfazendo de quem assumiu a postura que traz o aumento de receita", afirmou.

A gestão Castello Branco focou no pré-sal e no pagamento de dividendos, que beneficiam a União por ser o principal acionista da Petrobras.

Para Bonchristiano, apesar de a decisão de Bolsonaro ser parte de um movimento político, trará uma intensa especulação no mercado.
"[Bolsonaro] está dizendo 'quem manda aqui sou eu' e está assumindo que, mesmo que a decisão não necessariamente seja boa para a empresa, ela acontecerá por ser boa para o governo. Isso respinga em outras estatais e traz um mercado bem volátil para o curto prazo", disse.

Os analistas ainda esperam uma pressão de alta na curva de juros futuros e um real mais desvalorizado ante o dólar.

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