Logo Folha de Pernambuco

TELEFONIA

Anatel não descarta intervenção na Oi, diz presidente

A operadora, que conseguiu proteção da Justiça contra seus credores na semana passada, se prepara para uma nova recuperação judicial, com dívidas de R$ 29,7 bilhões

Loja da operadora telefônica OiLoja da operadora telefônica Oi - Foto: Divulgação

O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, disse que o órgão regulador não descarta intervir na Oi, diante da situação financeira da empresa, que se prepara para uma nova recuperação judicial. A intervenção, porém, não está na mesa “neste momento”, acrescentou Baigorri.

Isso (a intervenção) não está descartado e nem está sobre a mesa. Neste momento, estamos criando um grupo de trabalho, tivemos uma primeira reunião, vamos levantar informações, e a partir das evidências coletadas nesse trabalho técnico é que vamos tomar as decisões, disse Baigorri, ao Globo.

A operadora, que conseguiu proteção da Justiça contra seus credores na semana passada, se prepara para uma nova recuperação judicial, com dívidas de R$ 29,7 bilhões. A empresa recorre à Justiça um mês e meio após sair de sua primeira recuperação judicial.

Ontem, a Oi entrou com um pedido de proteção contra credores em Nova York, nos EUA, com um instrumento chamado de “Chapter 15”. É um procedimento similar ao feito pela tele no Brasil na semana passada. O objetivo é manter as operações da companhia.
 

Telefonia fixa
Na semana passada, o pedido apresentado à Justiça brasileira citava que ela não tinha recursos para pagar uma dívida de R$ 600 milhões que venceria no último dia 5, dentre os quais mais de US$ 82 milhões devidos a título de juros para os bondholders (detentores de títulos). Sem a proteção, isso acarretaria o vencimento antecipado “da quase totalidade da dívida financeira” da empresa.

Ontem, Baigorri disse que cabe à Anatel garantir a manutenção da prestação dos serviços. A obrigação legal do órgão, afirmou, é com relação à telefonia fixa (chamado tecnicamente de STFC). Esse serviço é prestado sob o regime de concessão, ou seja, é um serviço público. Isso é diferente, por exemplo, do serviço de banda larga fixa, que segue o modelo de autorização. Se houver uma intervenção, porém, isso seria feito em toda a empresa, não apenas na telefonia fixa.

Nós precisamos garantir a manutenção do serviço, afirmou Baigorri. A Oi tem o STFC (nome técnico para telefonia fixa), mas ela tem várias operações. Não tem como intervir só no STFC, só naquela outorga. Você intervém na empresa. O fato de a empresa ter outros serviços autorizados não impede que a gente intervenha.

A Anatel realizou uma reunião com os conselheiros da Oi na terça-feira. Na ocasião, um grupo de trabalho criado pela Anatel para acompanhar a companhia apresentou os próximos passos que o regulador seguirá para monitorar a operadora.

No ano passado, a gente já teve uma reunião com a diretoria da Oi. A gente já percebia que a situação estava ficando crítica. Não fomos pegos 100% de surpresa, disse Baigorri.

A agência reguladora faz um monitoramento constante da situação econômica das empresas do setor. Com a primeira recuperação judicial, a Oi passou a ter um acompanhamento “especial”, com análise do fluxo de caixa, por exemplo.

Quando percebemos que a empresa estava executando a contento o plano de recuperação, que tudo estava sendo cumprido, o risco de falência estava bastante mitigado, tiramos o acompanhamento especial. Continuamos com o acompanhamento ordinário. No fim do ano a gente percebeu que a situação estava ficando ruim, chamamos a empresa, que apresentou dados. A gente não ficou satisfeito com a perspectiva, e a área técnica propôs o acompanhamento especial. Eles propuseram isso no começo deste ano, afirmou o presidente da Anatel.

Sem dívida com a agência
Baigorri disse que uma eventual nova recuperação judicial não muda a situação regulatória da empresa. Agora, ele ressaltou, a empresa não tem dívidas com a Anatel, o que facilita o trabalho da agência. Na primeira recuperação judicial, a Anatel foi ao mesmo tempo credor e regulador.

Numa eventual segunda recuperação judicial, a gente está muito mais tranquilo. Porque na época da primeira recuperação judicial a gente tinha uma situação paradoxal, porque ao mesmo tempo a gente era credor e regulador. A gente tinha dois chapéus. A gente era o regulador, mas teve que ir na assembleia votar. E muitas vezes havia um dilema, um paradoxo entre essas funções.

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter