TECNOLOGIA

Antes da Neuralink, chips cerebrais já ajudavam pessoas com deficiência a se conectar com máquinas

Indivíduos que tiveram mobilidades afetadas por acidentes revolucionam condições físicas através de adaptações tecnológicas

Keith Thomas faz parte de estudo clínico sobre mobilidade com tecnologia neural Keith Thomas faz parte de estudo clínico sobre mobilidade com tecnologia neural  - Foto: Instituto Feinstein de Pesquisa Médica

A Neuralink, empresa de Elon Musk, comunicou a realização do primeiro implante cerebral em um ser humano nesta semana e, apesar do feito ser um grande passo em termos tecnológicos, o bilionário não é o pioneiro em 'biohacking'. Pessoas que passaram por acidentes trágicos e perderam mobilidade já fazem parte de um programa de aperfeiçoamento tecnológico e sensorial através do 'biohacking'.

Integrantes do BCI Pioneers Coalition, um fórum especializado na inclusão de pessoas com deficiência pela modernização, o grupo estuda maneiras éticas de trilhar um novo caminho no que diz respeito a reabilitação motora humana.

Em 2023, durante o South by Southwest (SXSW), festival de inovação realizado em Austin, no Texas, um painel do BCI chamou atenção do público que compareceu ao evento. O "Super-humano: conheça os pioneiros mundiais de BCI" contou as histórias de James Johnson, Ian Burkhart e Nathan Copeland. Tetraplégicos após serem vítimas de diferentes acidentes, os três passaram por alterações corporais tecnológicas que serviram para empregar maior autonomia às suas respectivas vidas.

Em 2017, James Johnson esteve envolvido em um capotamento de veículo que o deixou paralisado do pescoço para baixo. Com o implante, James passou a conseguir trabalhar com recursos de edição digitais como photoshop, simuladores de carros e videogames. Veja no vídeo abaixo:

O caso de Nathan Copeland, de 36 anos, é semelhante. Um acidente de carro em 2004 fez com que o rapaz perdesse todos os movimentos abaixo do peito, entretanto, depois de participar do programa BCI, Copeland passou a cooptar sensações corporais por um braço mecânico mediado por cabos e dispositivos em seu crânio.
 

Por meio de uma interface neural, Ian Burkhart, 32, apresentou diversos avanços após seu acidente de mergulho em 2010. Com o projeto, Ian agora consegue, através de estimulação muscular, controlar movimentos das mãos e dos dedos.

O uso de implantes neurais para driblar limitações impostas pela tetraplegia também foi empregado durante um ensaio clinico publicado pela Time no ano passado. Na ocasião, Keith Thomas, de 45 anos, também acidentado em mergulho, foi capaz de movimentar sua mão e seus braços após estudo conduzido por pesquisadores do Feinstein Institutes for Medical Research da Northwell Health, em Nova York.

Um dos bioengenheiros que lideravam o projeto afirmou, na época, que Keith era o primeiro ser humano do mundo a receber um 'bypass neural duplo', ou seja, um gadget que ligava o cérebro, medula e corpo, em tentativa de reabilitação. Para além da mobilidade, o aparelho permitiu, inclusive, que o homem conseguisse sentir toques desferidos em sua pele.

A alteração foi realizada a partir de uma cirurgia de 15 horas feita em março do ano passado. No procedimento, cinco conjuntos de eletrodos foram implantados em regiões cerebrais específicas de controle de movimento e sensações da mão direita e dos dedos. Antes disso, Keith não era capaz de se mover.

Outro caso que chama atenção pelo aspecto revolucionário foi o de Jan Scheuermann. Depois de uma cirurgia para adição de um par de implantes em seu córtex motor, ela passou a conseguir movimentar um braço mecânico com estímulos neurais.

Na última segunda-feira, Elon Musk comunicou através de post no X que sua empresa Neuralink havia realizado o primeiro implante autoral em um ser humano. O feito, sem dúvida, trará ainda mais empenho e incentivo aos projetos que visam mobilidade por intermédio tecnológico. Veja:

"O primeiro ser humano recebeu um implante da Neuralink ontem e está se recuperando bem. Os resultados iniciais mostram uma detecção promissora de picos de neurônios".

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