Aparelhos 5G já somam metade das vendas neste fim de ano
A Claro pretende comprar apenas aparelhos 5G a partir do próximo ano. Em entrevista ao GLOBO, o CEO da operadora, Paulo César Teixeira, afirma que a companhia está totalmente voltada para a Quinta Geração de telefonia. "Se autorizasse hoje, amamhã eu viraria a chave 5G em algumas cidades", afirma ele, que conta com quase 70 milhões de linhas móveis no Brasil.
Leia também
• Planos 5G: pacotes terão preços diferentes, e plano ilimitado pode acabar
• 5G: Para fabricantes, é possível antecipar entrada em operação em algumas capitais
Quando a Claro vai lançar 5G puro no Brasil?
Se autorizasse hoje, amanhã eu viraria a chave 5G em algumas cidades. Mas há prazos a serem cumpridos e há preocupações a serem atendidas e vamos estar preparados para atendê-las. Tem entidades externas que trabalham conosco e já atestaram que não há risco algum de interferência (com sinal de TV aberta via parabólica) nos clusters (regiões das capitais) que validamos. Queremos celeridade na autorização do uso imediato dessa frequência. Estamos incentivando muito o 5G desde o seu início com o DSS (que faz uma combinação de frequências para oferecer mais velocidade). E vamos chegar no fim deste ano com mais de um milhão de clientes com aparelhos 5G. São clientes que podem usar o 5G no espectro atual com o DSS e já estão capacitados a trafegar na banda C (que foi leiloada pela Anatel) tão logo esteja liberada. Isso é algo significativo. Queremos dar essa experiência ao cliente para poder ter o 5G naturalmente numa cobertura inicial nas capitais. E isso serve de estímulo para o ecossistema 5G que vai impulsionar a demanda.
E qual é a estratégia da Claro para oferecer aparelhos?
Tive reunião com o maior fornecedor de aparelhos. Minha intenção a partir das compras do próximo ano é só comprar 5G. Não quero mais comprar 4G. É um estímulo forte que a Claro está fazendo. Agora no Black Friday e Natal em unidades vendidas mais de 50% foram somente 5G. Além disso, vamos testar o protótipo feito por Qualcomm e Intelbras que permite ter banda larga fixa com a rede 5G. Há ainda outras iniciativas com devices especiais com internet das coisas. Não queremos aguardar julho do próximo ano para entregarmos as primeiras redes. Queremos entregar as primeiras redes já de imediato pois já identificamos diversos locais onde não há a mínima possibilidade de interferência e que seja liberado o espectro para uso imediato de forma que a gente possa iniciar a jornada do 5G que parece ser bem promissora.
Mas esses aparelhos 5G serão standalone ou DSS?
O standalone é algo que a indústria vai resolver e vai precisar atualizar o software desses aparelhos. Alguns já estão preparados para isso. O standalone virá a medida que o sistema estiver preparado. O iPhone 13, por exemplo, precisa passar por atualização de software, embora o hardware já esteja pronto.
Mas os aparelhos 5G têm um preço muito elevado ainda?
Outro aspecto que estamos fomentando muito é que em toda a nova tecnologia ela começa com os aparelhos premium, com preço acima de R$ 5 mil. Estamos conseguindo já itens na categoria medium, com preço de R$ 2 mil. E isso é sem subsídio, no pré-pago. Estamos fomentando a indústria para acelerar a adoção de aparelhos 5G. A grande estrela do 5G é o vídeo, pois os aparelhos vêm com features muito avançados nesse sentido. O cliente quer saber o que vai acontecer na vida dele. E a experiência vai ser diferente, com vídeo de alta qualidade, mais velocidade e aplicações com baixa latência (tempo menor de resposta). Por isso, a transição agora nesse mundo será muito mais rápida do que foi no 3G para ao 4G. Por isso, não basta ter rede. Tem que criar ecossistema.
Em quais cidades serão lançadas?
Estamos prontos em algumas cidades para lançar o cluster, que é uma região específica daquela cidade com 5G trafegando na frequência que adquirimos no leilão e já dando experiência de uma faixa exclusiva. Você pode imaginar que as capitais estarão nesse conjunto. Queremos validar essa rede.
Qual é o desafio de construir essa rede?
Hoje a experiência é uma frequência compartihada (DSS). E já temos uma base expressiva de clientes. Você não constrói 5G da noite para o dia. Queremos iniciar a jornada. Você não vai ter tudo que o 5G vai permitir como baixa latência, alta concentração de dados e altíssima velocidade no momento zero. Se você comparar em um ano, o consumo médio de megabits por cliente aumenta quase 50%. Imagina a pressão que isso faz na rede. Se você tem uma tecnologia nova com ganho de capacidade, e se você tem clientes aptos para isso, você não precisa fazer investimento em tecnologia do passado. Por isso, o objetivo é investir em 5G.
Qual a estratégia de preços?
Nos últimos anos, a indústria vem concedendo mais capacidade de uso aos clientes. Cada empresa vai ter sua estratégia. Mas hoje telecom no Brasil é um dos setores que têm o maior nível de competição. E no 5G não vai ser diferente. Estamos querendo viabilizar a tecnologia e otimizar os investimentos.