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Trabalho informal

Aplicativos exploram trabalhadores como eles jamais foram explorados, diz Lula

Em evento com entidades sindicais, presidente defende nova legislação para instituir direitos

Lula em evento com entidades sindicais internacionais ao lado de José MujicaLula em evento com entidades sindicais internacionais ao lado de José Mujica - Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou um evento com entidades sindicais internacionais nesta quarta-feira (1º) para fazer duras críticas a empresas de aplicativo. Ao lado representantes de trabalhadores e do ex-presidente do Uruguai José Mujica, Lula afirmou que o governo adotará medidas para que os brasileiros vinculados a plataformas digitais, como entregadores e motoristas, possam ter mais direitos.

No Palácio do Planalto, o presidente disse que o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, teria a "incumbência" de estabelecer os direitos desses trabalhadores. Marinho, por sua vez, pretende apresentar ainda no primeiro semestre deste ano um projeto sobre o assunto ao Congresso Nacional.

— As empresas de aplicativos exploram os trabalhadores como eles jamais foram explorados na História — discursou Lula.

O presidente acrescentou que atividade sindical era mais fácil nas décadas de 1960 e 1970, quando havia mobilização na porta de fábricas.

— Aqui (no Brasil) temos uma imensa maioria de trabalhadores intermitentes, temporários, que já não conhecem o seu patrão, que não tem sequer a quem reclamar quando tem uma desgraça — completou.

Apesar de o evento ter sido organizado para estabelecer um diálogo com entidades com representação em países do continente americano, como a Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), havia também representantes de países europeus.

Após a solenidade, Marinho disse a jornalistas que era possível construir uma solução legislativa para dar mais direitos a trabalhadores. Inclusive preservando a possibilidade de trabalhadores manterem vínculo com mais de um aplicativo.

— As empresas têm que se ajustar ao que a gente construir.

Marinho também justificou resposta dada ao Valor em entrevista, quando cogitou a hipótese de os Correios substituírem o Uber. Segundo ele, a pergunta foi enfática, e ele respondeu de forma tranquila que, se a empresa quiser sair do Brasil, ela sairia.

— Sabe quem é o maior mercado da Uber? O Brasil. Então, eles vão sair? — questionou.

Integração regional
Ao discursar, o ex-presidente do Uruguai José Mujica preferiu falar sobre a integração da América Latina e os percalços enfrentados durante a pandemia.

— (Nossa região) representa cerca de 7%, 6% da população do mundo. Fomos 30% das vítimas de Covid e não houve nenhuma reunião de presidentes para falar sobre a quebra de patentes. Quatro ou cinco países fabricam e não pudemos discutir — declarou Mujica.

Logo depois, Lula disse que defendia uma América Latina "sem fronteiras" e lamentou que não há mais um esforço de união como quando presidiu o país nos outros mandatos.

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