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Após Casa Branca aprovar tarifa de 25% sobre aço e alumínio, Lula chama reunião para avaliar cenário

Medida determinada por Trump valerá para Canadá e para todos os outros parceiros comerciais dos EUA, incluindo o Brasil

Lula e AlckminLula e Alckmin - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após a Casa Branca confirmar hoje que as tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio anunciadas pelo presidente Donald Trump no mês passado vão entrar em vigor à 0h00 desta quarta-feira, 12 de março, o governo Lula convocou uma reunião para discutir o cenário.

A medida valerá para produtos do Canadá e de outras nações, como o Brasil, que é o segundo maior exportador de aço para os EUA. A confirmação vem depois de Trump recuar da ameaça de impor taxas de 50% sobre os metais do Canadá, o maior parceiro comercial dos EUA.

 

A reunião vai envolver o Palácio do Planalto, o Ministério da Indústria e o Itamaraty. O objetivo é entender o quadro e buscar saídas. Integrantes do governo dizem que há diálogo frequente com americanos.

Na semana passada, em reunião com representantes do Departamento de Comércio de Donald Trump, o vice-presidente Geraldo Alckmin, em nome do governo Lula, fez um apelo para que a taxação do aço e do alumínio brasileiros fosse adiada.

Na prática, a medida de Trump revoga o entendimento firmado em 2018, no primeiro mandato do republicano, que estabeleceu cotas para a exportação de aço brasileiro para os EUA.

Exportação brasileira de aço supera US$ 5 bi
Segundo o Instituto Aço Brasil, as cotas permitiam ao Brasil exportar até 3,5 milhões de toneladas de placas e semiacabados e 687 mil toneladas de laminados para o mercado americano sem a tarifa adicional. Em 2024, os EUA importaram 5,6 milhões de toneladas, sendo que 3,4 milhões vieram do Brasil. Isso significou para o Brasil US$ 5,7 bilhões em divisas, como informou a colunista do GLOBO Míriam Leitão.

A indústria siderúrgica americana não produz o suficiente para todo o consumo do país. Mesmo assim, a Casa Branca informou que a decisão de Trump está mantida:

“De acordo com suas ordens executivas anteriores, uma tarifa de 25% sobre aço e alumínio, sem exceções ou isenções, entrará em vigor para o Canadá e todos os nossos outros parceiros comerciais à meia-noite de 12 de março”, disse o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, em comunicado.

No alumínio, a exportação brasileira para os EUA é menor, mas também significativa. Em 2024, o país exportou US$ 267 milhões em alumínio para os EUA, o equivalente a quase 17% de toda a produção que foi para o exterior.

Vaivém com Canadá
Trump sugeriu na terça-feira que dobraria as tarifas de metais para o Canadá em retaliação à Ontário impondo uma sobretaxa de 25% sobre a eletricidade enviada a estados dos EUA. Essa ameaça afetou os mercados, intensificando semanas de volatilidade e aumentando a nuvem de incerteza sobre as principais indústrias norte-americanas.

Primeiro-ministro de Ontário Doug Ford e Secretário de Comércio dos EUA Howard Lutnick, no entanto, anunciaram que a província canadense suspenderia seus planos de aplicar uma sobretaxa nas exportações de eletricidade. A dupla planeja se reunir na quinta-feira em Washington.

“Com qualquer negociação que temos, há um ponto em que ambas as partes estão aquecidas e a temperatura precisa baixar. E eu pensei que essa era a decisão certa”, disse Ford aos repórteres. “Eles entendem o quão sérios somos sobre a eletricidade e as tarifas.”

Isso pareceu dissipar amplamente a ameaça de Trump, com ele dizendo aos repórteres momentos depois que consideraria recuar nas tarifas mais altas sobre o Canadá.

A turbulência destacou a natureza errática da ameaça tarifária de Trump, que tem sido sujeita a atrasos, isenções e reversões. O caos de terça-feira segue um manual familiar do republicano de fazer ameaças amplas, apenas para depois reduzi-las após extrair concessões de parceiros comerciais.

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