ECONOMIA

Após criticar política de preços da Petrobras, Bolsonaro troca comando da pasta de Minas e Energia

Em live do dia 5, presidente afirmou que o lucro da estatal era "absurdo"

Presidente Jair BolsonaroPresidente Jair Bolsonaro - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

Depois de chamar de "crime" a política de preços da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro trocou o comando do Ministério de Minas e Energia. No lugar do almirante Bento Albuquerque assume Adolfo Sachsida, até então secretário de Paulo Guedes no Ministério da Economia.

Segundo a edição desta quarta-feira (10) do Diário Oficial da União (DOU), Bento foi exonerado a pedido do próprio. Entretanto, o ministro, que ano passado enfrentou o desafio de encarar a crise hídrica evitando o apagão energético no país, estava enfrentando críticas quase que diárias de Bolsonaro pela alta no preço dos combustíveis.

Na live do último dia 5, Bolsonaro criticou o lucro da Petrobras, chamando-o de absurdo e abusivo. "O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo", declarou o presidente.

A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 44,561 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado é bem maior que o de R$ 1,16 bilhão obtido no mesmo período do ano passado, quando a empresa ainda sofria os impactos da pandemia. É uma alta de 3.718,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, está no governo de Jair Bolsonaro desde o início e é servidor de carreira do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Nos últimos anos, Sachsida mantinha o discurso de defesa da consolidação fiscal na estratégia do Ministério da Economia, onde havia atuado desde o início do governo, com refoço das políticas fiscais e a realização de reformas pró-mercado com foco em aumento de produtividade.
 

No Ministério da Economia, foi secretário de Política Econômica da pasta desde o início da gestão. A secretaria é responsável pelas projeções macroeconômicas do governo, como a de inflação e PIB, que vinham aparecendo bem acima das expectativas do mercado. Ele assumiu a chefia da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos em fevereiro deste ano.

Doutor em economia pela Universidade de Brasília (UnB), ele tem pós-doutorado pela Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, e também lecionou na Universidade do Texas. O novo ministro é advogado, com estudos na área de direito tributário.

Sachsida evitava tecer muitos comentários sobre assuntos que não eram ligados diretamente à sua área de atuação. Em evento da Frente Parlamentar de Empreendedorismo (FPE), na terça-feira, véspera de sua nomeação, não respondeu aos jornalistas sobre a alta mais recente do preço do diesel.

Mas, em 4 de março, quando participou de entrevista coletiva sobre o resultado do PIB, Sachsida foi questionado sobre a expansão do vale-gás e disse que algumas medidas podem ter boas intenções, mas gerar resultado negativo.

— Algumas vezes as medidas têm boas intenções, mas terminam com resultado negativo. Temos de tomar muito cuidado para que as medidas tomadas não agravarem a situação. Por isso a economia se posiciona contra determinadas medidas, pois apesar da intenção ser boa, o resultado pode ser ruim. Temos de trabalhar para que o resultado também seja bom — disse ele na ocasião.

Na mesma entrevista, ele foi perguntado sobre a mudança na política de preço da Petrobras, que estabelece a paridade com a cotação do petróleo no mercado internacional, e a criação de um fundo estabilizador:

—  Se eu criar medidas que gerem receio sobre a consolidação fiscal, risco país sobe, real se desvaloriza, combustíveis sobem. Começa com uma medida para reduzir o preço do combustível, mas é equivocada. Vai ter o resultado contrário. Entendo a demanda do Congresso e da sociedade, mas cabe a nós mostrar que elas não vão ter o resultado esperado.

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