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Litoral Sul

Após noite de vandalismo em Porto de Galinhas, comércio e turismo local já sentem prejuízos

Jangadeiros, barraqueiros e bugueiros não trabalharam nesta sexta-feira (1º). Pousadas tiveram reservas canceladas e sentiram o prejuízo causado pela insegurança

Porto de GalinhasPorto de Galinhas - Foto: Divulgação/Prefeitura de Ipojuca

"Além do prejuízo, tem o trauma. Estamos inseguros. Nunca tinha visto nada parecido na cidade". Esse é o relato do presidente da Associação de Jangadeiros de Porto de Galinhas Sávio Acioly, depois da noite de protestos na cidade de Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco, após a morte da menina Heloysa Gabrielly, de 6 anos, atingida por um tiro no peito durante troca de tiros entre suspeitos de tráfico e policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), na quarta-feira (30).

O medo afetou a movimentação comercial e turística do local. Jangadeiros, barraqueiros e bugueiros não trabalharam nesta sexta-feira (1º). Pousadas tiveram reservas canceladas e sentiram o prejuízo causado pela insegurança em um dos principais pontos turísticos no Brasil.

Sávio Acioly contou que o pai da criança morta no confronto é jangadeiro associado e que toda a comunidade aderiu ao luto na quinta-feira (31), quando foi realizada uma caminhada até o cemitério Nossa Senhora do Ó, onde ocorreu o sepultamento no final da tarde. Em seguida, uma grande confusão foi iniciada. Um ônibus foi incendiado, um outdoors foi depredado e barricadas fecharam aos acessos à cidade.

"A notícia abalou todo mundo. Sentimos muito. Após o enterro da criança, houve uma baderna na cidade. Isso assustou a população e os turistas. Hoje, por insegurança do que aconteceu ontem, decidimos não trabalhar. Temos medo de haver um confronto", afirmou Sávio.

Ainda de acordo com o presidente, os 84 jangadeiros associados já estão há dois dias sem trabalhar devido ao ocorrido, situação que acarreta grandes prejuízos para a categoria.
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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"A cidade estava lotada. Provavelmente, o movimento não vai ser o mesmo. As pessoas perdem a confiança. Um viagem custa R$ 40 por pessoa e cada jangada leva até seis pessoas, mas os turistas estão assustados, as vias estavam bloqueadas e o prejuízo é enorme. A gente recebe de acordo com o movimento", afirmou Sávio, informando que os trabalhadores pretendem voltar às atividades neste sábado (2). 

O prejuízo também atingiu barraqueiros da região, que não trabalharam nesta sexta. Segundo a presidente da Associação de Barraqueiros de Porto de Galinhas, Gisélia Joseane de Lima, a repercussão negativa do ocorrido é o que mais preocupa a categoria, que possui 130 profissionais cadastrados.

"A cidade é bem movimentada, mas ficou um deserto ontem. Foi um cenário de guerra. Tinha helicóptero, vários pontos obstruídos, veículos queimados, foi bem assustador. A gente não sabe como vai ficar após a repercussão de tudo o que aconteceu".

Gisélia teme que a insegurança tenha um grande impacto nas vendas dos barraqueiros que ainda estavão se recuperando dos prejuízos causados pela pandemia da Covid-19.

"Estamos inseguros de voltar a trabalhar. A gente já vinha de uma pandemia, cada um estava fazendo o que podia. É uma categoria que trabalha diariamente para se manter", afirmou.

De acordo com a atendente de uma pousada de Porto de Galinhas, que preferiu não se identificar, muitas reservas já foram canceladas após a repercussão da confusão na cidade.

"O prejuízo foi grande. A gente teve cerca de 11 reservas canceladas e precisamos fazer o reembolso. Temos 37 quartos e trabalhamos sempre com duas diárias, no mínimo, então o prejuízo foi muito significativo", afirmou a atendente. No local, a diária custa, em média, R$ 490, para esta época do ano. 

"Quem arca com o prejuízo somos nós. As notícias assustam tanto quem mora aqui, quanto quem quer conhecer ou estar para vir. A gente não tem culpa. Não queremos guerra, a gente quer paz", relatou a atendente.

Segundo um morador de Porto de Galinhas, que também preferiu não se identificar, o local amanheceu com muitas lojas fechadas, pouca movimentação de moradores e turistas e com grande número de policiais nas ruas.

"O clima está muito tenso. A população está muito revoltada com a morte na menina e aumentou a quantidade de policiais por aqui. O pessoal tá com medo de represália", relatou.

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