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Tecnologia

Após queda nas vendas de laptops em 2023, fabricantes apostam em IA e conexão com 5G

Empresas projetam crescimento de 5% das vendas no próximo ano com troca de computadores comprados na pandemia

 A reação, dizem especialistas e empresas, deve começar a partir do ano que vem, quando os consumidores estarão iniciando a troca dos aparelhos adquiridos no início da pandemia A reação, dizem especialistas e empresas, deve começar a partir do ano que vem, quando os consumidores estarão iniciando a troca dos aparelhos adquiridos no início da pandemia - Foto: Freepik

Os laptops, que passaram a fazer parte da lista de compras durante a pandemia para grande parte dos consumidores, tentam agora se reinventar. Após dois anos de queda nas vendas, os fabricantes apostam em novos recursos de inteligência artificial (IA), conexão direta à rede 5G, maior duração de bateria, reconhecimento facial e integração com celulares para tentar driblar o mau momento da categoria.

A reação, dizem especialistas e empresas, deve começar a partir do ano que vem, quando os consumidores estarão iniciando a troca dos aparelhos adquiridos no início da pandemia, em 2020. Assim, a expectativa é que o setor reverta a queda esperada de 7% nas vendas em 2023 para um avanço de 5% em 2024. Renato Meireles, analista sênior do IDC, destaca que a procura será concentrada em itens mais sofisticados, que deverão somar mais de 60% dos negócios.

— No ano que vem, o consumidor vai buscar um novo laptop. E a disputa da indústria é oferecer aparelhos mais potentes e com novas funções de inteligência artificial, como a generativa, já que o ambiente híbrido de trabalho ainda está presente. A ideia é que o notebook seja o centro da vida produtiva, conectado com o celular, os wearables e a nuvem — diz Meireles.

A previsão é que os novos modelos cheguem ao mercado já em meados de 2024. Nesta semana, a Qualcomm apresentou novo processador, batizado de X Elite, para concorrer principalmente com o M2, chip presente nos notebooks da Apple, que deve anunciar seus novos notebooks já no próximo dia 30, de acordo com agências. A nova leva de produtos será marcada por uma disputa de mais velocidade e serviços de IA.

Meghana Patwardhan, vice-presidente global da Dell Technologies, lembra que, com o avanço dos modelos de trabalho híbrido pelas empresas, os laptops precisarão ser atualizados e substituídos. A gigante do setor pretende lançar produtos com recursos de processamento de IA nos próximos doze meses. Para ela, os consumidores esperam itens cada vez mais avançados e inteligentes:

— A próxima geração (de computadores) vai lidar facilmente com cargas de trabalho de IA mais complexas. Estamos trabalhando ativamente com parceiros em toda a indústria para fornecer essa nova arquitetura. Estamos em um mercado com boas oportunidades de crescimento. Todos querem fornecer melhores ferramentas de produtividade.

A executiva lembra do atual ciclo de atualização do Windows. Recentemente, a Microsoft lançou o sistema operacional Copilot, com inteligência artificial generativa. Segundo Peter Burns, diretor sênior de Marketing da Qualcomm Technologies, o salto permitido pela IA "não é mais linear e sim exponencial”:

— Esta nova curva de IA representa verdadeiramente o renascimento de um novo desempenho dos aparelhos e coloca a computação em uma trajetória totalmente nova. A inteligência artificial é o novo pilar para medir o desempenho de um computador. Para ter o melhor desempenho, é preciso que haja processamento no aparelho para ganhar velocidade — diz Burns, lembrando que a nova geração de notebooks pode processar até 13 bilhões de variáveis.

Outra frente de trabalho é criar maior integração entre os aparelhos que rodam em diferentes sistemas operacionais, como Android (do Google) e Windows, permitindo transferência mais rápida de arquivos entre celulares, tablets, computadores e, em breve, óculos de realidade mista.

Pesquisa da Deloitte aponta que cada família tem em média 21 dispositivos digitais de diferentes marcas e sistemas operacionais distintos. As empresas apresentaram em evento nos EUA um novo sistema de Wi-fi e Bluetooth, que permite alternar de forma mais rápida as ligações nos fones do celular para o computador.

— A ideia é habilitar de uma forma melhor essas experiências entre vários dispositivos. É preciso ter um ecossistema envolvido e aberto. Estamos reunindo ecossistemas para que Windows e Android funcionem perfeitamente juntos — afirma Alex katouzian, vice-presidente sênior da Qualcomm, destacando a participação de empresas como Dell, Xiaomi, Microsoft, Lenovo, além das chinesas Oppo e Honor para lançar o ecossistema ainda esse ano.

Yang Yuanqing, ceo da Lenovo, disse que a IA vai permitir os mais potentes notebooks com novas experiências para os usuários por trazer IA já dentro do aparelho. Pavan Davuluri, vice-presidente Corporativo da Microsoft, destacou a possibilidade de personalização com os produtos. Ao citar o recém-lançamento do Copilot, destacou que diversos aplicativos já viram embarcados nos produtos de fábricas.

— A IA está mudando a forma como interagimos com a tecnologia.

Empresas investem em soluções
Com computadores mais robustos, desenvolvedores de software e de soluções em nuvem já iniciaram uma verdadeira corrida para oferecer novos recursos. A AWS, braço de cloud da Amazon, investe US$ 100 milhões para desenvolver iniciativas de IA generativa. Para Alex Coqueiro, responsável pela área de arquitetura de soluções da empresa, o mundo está nos primeiros passos de uma corrida de 10 quilômetros.

— A IA generativa vai transformar todas as experiências. Por isso, são investimentos de longo prazo. Será possível, por exemplo, numa combinação de hardware e software, que o próprio aparelho analise planilhas, pois vai conseguir identificar o contexto e gerar um entendimento, ou um médico que terá um prontuário com alguns 'inputs' gerados pela tecnologia.

Na SAP, voltada para o mercado corporativo, a estratégia incluiu a criação da Joule, uma assistente de IA generativa própria e rival do ChatGPT. Junior Freitas, vice-presidente da companhia, explica que o desafio é desenvolver soluções específicas para cada tipo de negócio. Ele lembra que os computadores serão capazes de fazer relatórios e buscar explicações sobre o que teria levado a vendas menores ao cruzar dados de empregos, estoque e logística em cada região:

— Estamos investindo US$ 1 bilhão para incentivar startups a desenvolver novas soluções de IA e ter plataformas abertas.

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