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Tecnologia

Apple negocia com veículos uso de conteúdo para avançar em inteligência artificial generativa

Empresa quer acesso a acervo de editoras para desenvolver ferramentas. Proposta envolveriam acordos plurianuais de ao menos US$ 50 milhões para licenciar arquivos, dizem fontes

A Apple é maior do que todos os outros mercados de ações do mundoA Apple é maior do que todos os outros mercados de ações do mundo - Foto: Anna /Pixabay

Nas últimas semanas, a Apple iniciou negociações com as principais organizações de imprensa e editoras, buscando permissão para usar o material dessas empresas em seu processo de ferramentas de inteligência artificial generativa, de acordo com fontes a par das discussões.

A gigante da tecnologia propôs acordos plurianuais no valor de pelo menos US$ 50 milhões para licenciar os arquivos de artigos de notícias, contaram essas fontes.

As organizações de notícias procuradas pela Apple incluem a Condé Nast, editora da Vogue e The New Yorker; a NBC News; e a IAC, que detém a People, The Daily Beast e Better Homes and Gardens.

Alcançar a concorrência
Essas negociações estão entre os primeiros exemplos de como a Apple está tentando alcançar os concorrentes na corrida para desenvolver a inteligência artificial generativa, que permite que os computadores criem imagens e conversem como um humano.

A tecnologia, que os especialistas em IA chamam de redes neurais, é construída usando coleções de fotos ou texto digital para reconhecer padrões. Ao analisar milhares de fotos de gatos, por exemplo, um computador pode aprender a reconhecer esse animal.

IA para ‘falar com mortos’: Como máquinas recriam pensamentos e até a voz de quem já se foi

Microsoft, OpenAI, Google, Meta e outras empresas lançaram chatbots e outros produtos construídos com essa tecnologia. Essas ferramentas podem mudar a forma como as pessoas trabalham e gerar bilhões de dólares em vendas.

A Apple, porém, tem ficado de fora do debate público sobre IA. Sua assistente virtual, a Siri, passou a década desde o seu lançamento praticamente estagnada.

Procurada, a companhia não quis comentar. Em uma conferência com analistas realizada no mês passado, Tim Cook, CEO da Apple, disse que havia trabalho “sendo feito” relacionado à inteligência artificial, mas não detalhou o projeto.

Baixa receptividade
Algumas das empresas contatadas pela Apple demonstraram pouco entusiasmo em relação à abordagem. Após anos de negociações comerciais intermitentes com empresas de tecnologia como a Meta, proprietária do Facebook, as editoras acabaram adotando uma postura cautelosa em relação a negócios do Vale do Silício.

Vários executivos de empresas do setor de mídia e editoras expressaram preocupação com os termos apresentados pela Apple, que seriam muito abrangentes, contaram três pessoas familiarizadas com as negociações.

A proposta inicial abrangia uma ampla licença de acesso a arquivos das editoras de conteúdo já publicado, mas colocando as empresas como potencialmente responsáveis por quaisquer exigências legais que pudessem surgir do uso pela Apple de seu conteúdo.

As fontes também relataram que a Apple foi vaga sobre como pretendia aplicar a inteligência artificial generativa à indústria de notícias, o que representaria um potencial risco competitivo, considerando a robusta audiência da Apple para notícias em seus dispositivos.

Abordagem positiva
Ainda assim, alguns executivos o setor de imprensa estavam otimistas de que a abordagem da Apple poderia eventualmente levar a uma parceria de relevância.

Duas pessoas próximas às discussões expressaram otimismo em relação à perspectiva de acordo no longo prazo, ressaltando o contraste da abordagem da Apple, por pedir permissão às editoras, em comparação a outras companhias com ferramentas de IA, que foram acusadas de só buscar acordos de licenciamento com organizações de notícias depois de terem usado seu conteúdo para treinar modelos generativos.

Nos últimos anos, executivos da Apple estiveram discutindo como acumular os dados necessários para construir produtos de inteligência artificial generativa, conforme contam duas fontes.

Alguns de seus concorrentes foram acusados de utilizar material publicado na internet sem a permissão de artistas, escritores e codificadores que o criaram, resultando em vários processos por violação de direitos autorais.

A Apple tem sido resistido em obter informações da internet, em parte devido ao seu compromisso com a privacidade. Após adquirir a startup de análise social Topsy em 2013, os gestores da Apple solicitaram que a Topsy parasse de coletar informações do X (antigo Twitter), afirmando que isso violaria a política da empresa contra a coleta de dados de clientes da Apple, que também podem, em paralelo, postar na rede social, conforme relataram essas duas pessoas.

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