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Tecnologia

Apple prepara o lançamento de um iPad dobrável, gigante e sem vinco

Dispositivo poderia chegar a 20 polegadas. Tecnologia é pesquisada também para um possível novo modelo de iPhone que dobre, mas só para 2026

Apple Apple  - Foto: Divulgação/Apple

A nova visão da Apple para o futuro da computação é um dispositivo dobrável gigante, semelhante a um iPad. Além disso, a empresa está repensando o mouse, prepara um novo AirTag com um chip que permite localizar objetos a uma distância maior e planeja iniciar a transição para chips Wi-Fi próprios no próximo ano. A Apple também está desenvolvendo upgrades relacionados a satélites e saúde para seu smartwatch.

Os lançamentos
De tempos em tempos, a Apple apresenta uma nova visão ousada para o futuro da computação. Sua versão mais recente disso, é claro, foi o headset Vision Pro.

Nesse caso, a Apple delineou um cenário em que os consumidores realizam a maioria de suas tarefas de computação em realidade mista — a fusão de realidade virtual e aumentada. E é fácil entender o apelo disso, pelo menos em teoria. O Vision Pro e outros headsets de realidade mista oferecem espaço de tela ilimitado e uma experiência mais imersiva do que a proporcionada por um telefone ou computador.

No entanto, o conceito apresenta algumas desvantagens, como o desconforto de usar um dispositivo no rosto por longos períodos. Ele pode facilmente distanciar uma pessoa do mundo real. Além disso, o preço de US$ 3.499 (R$ 21.130) do Vision Pro garante que poucos consumidores irão adotar essa experiência por enquanto.

Por isso, por enquanto, é difícil superar os formatos tradicionais — telefones, laptops, tablets — quando se trata de computação. Mas a Apple está trabalhando em outra abordagem que pode se tornar seu próximo dispositivo revolucionário.

iPads de tela dupla
Os designers da Apple estão desenvolvendo algo semelhante a um iPad gigante que se desdobra até atingir o tamanho de dois iPads Pro lado a lado. A empresa, sediada em Cupertino, Califórnia, vem refinando esse produto há alguns anos e pretende lançar algo no mercado por volta de 2028, segundo informações.

O objetivo da Apple com um dispositivo dobrável é evitar o vinco que os produtos atuais apresentam quando estão na posição aberta. E a empresa já fez progressos nesse sentido: protótipos desse novo produto, desenvolvidos pelo grupo de design industrial da Apple, possuem um vinco quase invisível. No entanto, ainda é cedo para dizer se a Apple conseguirá eliminá-lo completamente. A Samsung Electronics, que lançou seu primeiro telefone dobrável há cinco anos, tentou sem sucesso remover o vinco.

Atualmente, o maior iPad da Apple tem 13 polegadas. A Apple sabe que os consumidores — sejam gamers, desenvolvedores de software ou simplesmente pessoas assistindo a filmes — desejam a maior tela possível. E a única maneira viável de lançar um produto móvel com uma tela grande (algo em torno de 20 polegadas) é torná-lo dobrável. Caso contrário, é muito difícil carregá-lo em uma bolsa ou mochila.

A Apple não seria a primeira a tentar tal conceito.

A Microsoft prototipou algo semelhante com o Courier há mais de uma década e, em 2019, anunciou um tablet de tela dupla chamado Neo. A empresa abandonou ambas as tentativas, concluindo, com o cancelamento do Neo, que os consumidores não estavam ansiosos por um tablet de tela dupla.

A Lenovo também explorou esse conceito. Seu Yoga Book 9i, que custa menos de US$ 2.000, possui duas telas OLED de 13,3 polegadas que funcionam lado a lado. A abordagem da Apple seria diferente, pois a empresa quer que a tela pareça uma peça única e ininterrupta de vidro. O produto da Lenovo consiste em dois monitores conectados por uma dobradiça. A versão da Apple provavelmente seria mais cara.

Ainda não está claro qual sistema operacional o computador da Apple irá rodar, mas minha aposta é que será o iPadOS ou uma variante dele. Não acredito que será um verdadeiro híbrido de iPad e Mac, mas o dispositivo terá elementos de ambos. Até 2028, o iPadOS provavelmente estará avançado o suficiente para rodar aplicativos do macOS, mas também faz sentido suportar acessórios do iPad, como o Apple Pencil.

iPhone Dobrável
Minha impressão é que grande parte do trabalho atual da Apple em tecnologia de telas dobráveis está focada nesse dispositivo de alto padrão, mas a empresa também tem explorado a ideia de um iPhone dobrável. Nesse campo, a Apple é a única grande fabricante de smartphones sem uma opção dobrável: Samsung, Google (da Alphabet) e marcas chinesas como a Huawei já possuem suas versões. Contudo, não espero um iPhone dobrável antes de 2026, no mínimo.

Na semana passada, um documento que supostamente mostrava os planos de telas da Apple foi publicado no X. Ele indicava que a fabricante do iPhone pretende usar uma tela dobrável de 18,8 polegadas entre 2028 e 2030. Isso está alinhado, em geral, com o que ouvi sobre um computador dobrável da Apple. Esse roteiro também sugere que o MacBook Pro adotará telas OLED em 2026, seguido pelo MacBook Air em 2027. Isso também está em conformidade com o que ouvi.

O panorama geral é que a Apple está tentando adicionar o maior número possível de variações de produtos de hardware, com o objetivo de fazer os consumidores adquiri-los para diferentes usos. O cliente ideal da empresa atualmente é aquele que possui tanto um iPad quanto um Mac, além de dispositivos móveis como iPhone, Apple Watch e AirPods.

É por isso que a Apple nunca unificou as linhas de iPad e Mac: a empresa quer que os consumidores possuam ambos. Agora, com o lançamento desse produto dobrável, provavelmente não será viável convencer os clientes a comprar três dispositivos de computação diferentes. É mais provável que as pessoas usem o dispositivo dobrável para substituir um iPad em tarefas criativas e trabalhos leves de computação. O Mac — talvez equipado com telas sensíveis ao toque — continuará sendo a escolha para trabalhos mais exigentes.

No cenário ideal da Apple, o headset Vision Pro terá se popularizado até o momento em que esse produto dobrável chegar ao mercado. E óculos de realidade aumentada poderiam complementar a linha de produtos da empresa.

Assim, é possível imaginar um cenário no futuro em que os maiores fãs da Apple estejam usando o relógio e os óculos, tenham um iPhone no bolso, um Mac na mesa, um iPad dobrável na mochila e um Vision Pro na mesa de centro em casa.

Claro, isso está longe de ser garantido. Mesmo apenas o dispositivo dobrável apresenta um grande desafio de marketing. Até agora, o conceito de dispositivos dobráveis não conquistou popularidade além de um grupo central de entusiastas de tecnologia, em grande parte devido ao fato de que esses produtos são mais caros e desajeitados.

A questão é se a solução mais elegante da Apple conseguirá conquistar os consumidores — de uma forma que o Vision Pro ainda não conseguiu. Se a Apple conseguir, o dispositivo poderá se tornar a oferta mais empolgante da empresa nesta década.

Novo Magic Mouse
A Apple começa a repensar o mouse para a era moderna.

Acredite ou não, o Magic Mouse da Apple foi lançado há mais de 15 anos. Pense no mundo da Apple em 2009: o iPad ainda nem havia sido anunciado, Steve Jobs ainda era o CEO e os iPhones tinham telas minúsculas. O mouse foi revolucionário na época porque você podia deslizar o dedo sobre sua superfície para rolar e fazer gestos — algo que hoje consideramos comum.

Nos últimos anos, a Apple fez algumas alterações no Magic Mouse, mas apenas pequenas. Ele passou de pilhas AA para um sistema recarregável, ganhou uma carcaça mais leve com um deslizamento mais suave e, no mês passado, trocou o conector Lightning por uma porta USB-C.

Em nenhum momento nos últimos 15 anos a Apple resolveu as principais reclamações sobre o design do mouse. Desde o início, os críticos apontaram que ele não era ergonômico nem confortável de usar. Um problema ainda maior: a porta de carregamento fica localizada na parte inferior do mouse, o que impede seu uso enquanto está conectado. (Pessoalmente, nunca me preocupei muito com isso. O mouse carrega rapidamente, e isso só precisa ser feito ocasionalmente.)

A boa notícia é que um novo Magic Mouse está em desenvolvimento. Fui informado de que a equipe de design da Apple tem prototipado versões do acessório nos últimos meses, com o objetivo de criar algo que se ajuste melhor à era moderna.

Em um mundo de computação agora repleto de telas sensíveis ao toque, comandos de voz e gestos com as mãos, o mouse não é tão crucial quanto antes. Mas ainda é o dispositivo de entrada preferido quando é necessário fazer movimentos precisos. A Apple está buscando criar algo mais relevante, enquanto resolve reclamações de longa data — sim, incluindo o problema da porta de carregamento.

Quanto ao lançamento do novo mouse, não espere nada nos próximos 12 a 18 meses. Mas o atual Magic Mouse está se aproximando do fim de sua vida útil, e a Apple está trabalhando em uma reformulação completa. Depois que o grupo de design definir a forma final, ainda serão necessários meses ou anos de engenharia de hardware, desenvolvimento de software e trabalho operacional para realmente levar o mouse ao mercado.

Outras novidades
Já relatei algumas vezes que a Apple está preparando um novo AirTag para o próximo ano, uma atualização que melhora o chip de comunicação sem fio e os recursos de segurança. Agora, posso compartilhar que o próximo AirTag contará com um novo chip de banda ultralarga, similar ao introduzido no iPhone 15. Isso aumentará consideravelmente o alcance do dispositivo, facilitando a localização de itens aos quais ele esteja anexado.

Atualmente, o AirTag pode ser localizado com a função Precision Finding a uma distância de cerca de 10 a 30 metros, dependendo das condições. O novo modelo deve triplicar esse alcance, graças ao chip de banda ultralarga de última geração, segundo informações que recebi.

O futuro modelo Ultra 3 do Apple Watch contará com o recurso de satélite já disponível no iPhone. Isso permitirá que entusiastas de atividades ao ar livre deixem seus celulares para trás e ainda assim possam entrar em contato com serviços de emergência e contatos via iMessage, utilizando a rede de satélites Globalstar. Não espero que esse recurso esteja disponível nos modelos que não são Ultra — ele provavelmente será um diferencial para justificar o preço de US$ 799 do Ultra.

Novos recursos: Próximo smartwatch Ultra da Apple será capaz de enviar mensagens de texto via satélite

A Apple também avançou no desenvolvimento do recurso de detecção de hipertensão, que está em elaboração há vários anos e anteriormente estava planejado para os modelos de 2024. Em vez de fornecer uma leitura específica, o sistema notificará o usuário caso identifique sinais de hipertensão, sugerindo que ele faça uma medição tradicional com um aparelho de pressão.

Quem já usou os alertas de apneia do sono nos modelos mais recentes reconhecerá essa abordagem: o dispositivo indica se acredita que você pode ter a condição e recomenda consultar um médico. Essa estratégia permite que a Apple ofereça recursos úteis para a saúde sem cruzar a linha de criar um dispositivo médico oficial.

As capacidades de satélite e detecção de hipertensão também se alinham com o plano mais amplo da Apple de posicionar seu relógio como um dispositivo de saúde e segurança. Para o futuro, ainda espero que o Apple Watch consiga medir glicose de forma não invasiva, mas há vários desafios técnicos a serem superados. Esse projeto já é um dos mais longos da história da Apple, e a tecnologia não estará pronta para o mercado tão cedo.

Outra grande mudança da Apple: um chip próprio para Wi-Fi e Bluetooth
Há anos, analistas e investidores aguardam a transição da Apple para chips próprios de modem celular, o que substituiria os componentes da Qualcomm Inc. Agora, essa transição está finalmente se aproximando, com a Apple preparando seu próprio modem para o novo iPhone SE e um iPhone mais fino no próximo ano. iPhones de alto padrão, iPads e outros produtos devem adotar o componente interno até o início de 2027.

Outra mudança, mais discreta, também está em andamento: o lançamento de um chip da Apple para conexões Wi-Fi e Bluetooth — codinome Proxima — que substituirá alguns componentes atualmente fornecidos pela Broadcom Inc. Esse chip de comunicação sem fio seguirá um padrão semelhante ao do modem. Ele será lançado em alguns produtos no próximo ano, incluindo uma nova Apple TV, HomePod mini e o iPhone 17. O componente será incorporado a outros dispositivos ao longo de 2026.

Assim como a transição do modem, essa mudança representa um empreendimento arriscado. Ninguém quer um dispositivo que perca conexões de Wi-Fi ou Bluetooth. No entanto, haverá grandes recompensas se a Apple conseguir realizar uma transição suave. A empresa poderá eventualmente integrar seus chips de modem e comunicação sem fio, permitindo novos tipos de recursos e melhorando a eficiência energética.

Os benefícios dessa mudança devem ir além dos dispositivos móveis: o novo impulso da Apple na tecnologia de casa inteligente também deve ser favorecido.

Principais destaques:
Dispositivo dobrável da Apple: A Apple está desenvolvendo um dispositivo semelhante a um iPad gigante que pode ser dobrado, com tamanho equivalente a dois iPad Pros lado a lado.

O lançamento está previsto para 2028.

O objetivo é evitar vincos na tela, problema comum em dispositivos dobráveis atuais.

Este produto se destina a consumidores que buscam telas grandes, especialmente gamers, desenvolvedores de software ou usuários que assistem a filmes.

Mouse: Após 15 anos do Magic Mouse, a Apple trabalha em uma nova versão que promete ser mais ergonômica e resolver problemas de design antigos, incluindo a controversa porta de carregamento na parte inferior.

AirTag atualizado: O próximo modelo terá um novo chip ultrawideband (UWB), aumentando significativamente o alcance para localização precisa de objetos.

Apple Watch: A próxima geração contará com recursos de conectividade via satélite para emergências e detecção de hipertensão, alinhando-se com a estratégia de saúde e segurança da empresa.

Chips internos: A Apple está desenvolvendo um chip de Wi-Fi e Bluetooth chamado Proxima, substituindo componentes da Broadcom.

Dobráveis e o futuro da computação
O dispositivo dobrável da Apple deverá rodar uma versão avançada do iPadOS, com potencial para suportar aplicativos do macOS e acessórios como o Apple Pencil. Ele é projetado para substituir iPads em tarefas criativas e de computação leve, enquanto os Macs continuam sendo a escolha para trabalhos mais exigentes.

Embora o mercado de dobráveis ainda enfrente desafios — como altos custos e dispositivos volumosos —, a Apple acredita que sua solução elegante pode conquistar consumidores.

Outros desenvolvimentos
A empresa está explorando óculos inteligentes de realidade aumentada (AR), mas ainda deve demorar anos para lançar algo viável no mercado.

O Vision Pro, headset de realidade mista, continua sendo uma peça central na estratégia de longo prazo da Apple.

Se a visão da Apple se concretizar, o futuro pode incluir fãs dedicados com óculos AR, iPhone no bolso, Mac na mesa, iPad dobrável na mochila e Vision Pro no centro de entretenimento em casa.

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