Argentina dá passo na direção da dolarização prometida por Milei
Banco central do país determinou transações de cartão de crédito em dólar e também vai permitir preços nas vitrines dos estabelecimentos na moeda americana
O Banco Central da República Argentina anunciou, na última sexta-feira, que instituições intermediárias de pagamentos terão que habilitar transações com cartão de débito em dólar até 28 de fevereiro.
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A medida tem sido interpretada como um passo importante na direção de uma das principais promessas do presidente Javier Milei em sua campanha presidencial de 2023: dolarizar a economia.
O banco central argentino também desenvolveu um programa para permitir que as pessoas realizem pagamentos parcelados em dólares ou pesos.
A medida visa “fortalecer a competição cambial para permitir que pessoas e negócios utilizem a moeda que desejarem em suas transações diárias”, de acordo com um comunicado do banco central divulgado nesta quinta-feira.
O ministro da Economia, Luis Caputo, acrescentou em um post no X que, a partir de sexta-feira, empresas poderão exibir etiquetas de preços de bens e serviços em dólares ou em outras moedas estrangeiras, junto com o custo em pesos, em estabelecimentos comerciais.
Separadamente, o autoridade monetária decidiu manter sua taxa de juros inalterada em 32% ao ano, frustrando as crescentes apostas dos investidores em um novo corte nos juros.
Os mercados financeiros esperavam uma redução da taxa após a desaceleração da inflação anual em dezembro e a decisão do banco central de reduzir a taxa de depreciação mensal da moeda oficial de 2% para 1%.
Durante sua campanha presidencial, Milei prometeu incentivar a competição entre moedas na segunda maior economia da América do Sul, em um plano amplamente conhecido como “dolarização” para deter a hiperinflação no país.
A proposta gerou críticas da oposição porque era vista como impossível em meio à escassez de dólares no país. No entanto, o anúncio desta quinta-feira aponta na direção da promessa de Milei.
A Argentina ainda mantém uma série de controles cambiais e de capitais. Milei prometeu eliminar essas restrições neste ano, o que pode forçar o banco central a oferecer taxas de juros mais atrativas para evitar uma possível corrida cambial.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), de quem a Argentina espera obter mais empréstimos para ajudar a eliminar os controles, há muito defende taxas de juros bem acima da inflação.
Dados do governo divulgados na semana passada mostraram que os preços subiram 2,7% em dezembro em relação a novembro, o terceiro mês consecutivo abaixo de 3% e em linha com a mediana das estimativas de economistas consultados pela Bloomberg.
A inflação anual recuou para 117,8%, abaixo de um pico de quase 300% no ano passado.
O banco central já reduziu as taxas de juros oito vezes desde que Milei assumiu o cargo em dezembro de 2023, quando os juros eram de 133%.
Essa estratégia se tornou uma das partes mais heterodoxas da estratégia de Milei para desacelerar a inflação.