BRASIL

Atraso no Censo 2022: por que o Brasil está há mais de dez anos sem dados demográficos

Pandemia, questões orçamentárias e logísticas adiaram o início e a conclusão dos trabalhos do IBGE

IBGEIBGE - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) irá divulgar os resultados do Censo Demográfico de 2022 na manhã desta quarta-feira (28) — pondo fim aos dois anos de atrasos que deixaram o Brasil sem dados atualizados sobre sua população.

O último levantamento havia sido feito em 2010, mas a pandemia, questões orçamentárias e dificuldades logísticas adiaram o início e a conclusão dos trabalhos do IBGE, que deveriam ter sido feitos em 2020, conforme determina a legislação.

Com isso, até a divulgação do Censo 2022, os dados mais recentes e completos disponíveis sobre a população brasileira eram de 12 anos atrás. A lei define que os levantamentos, essenciais para o planejamento público, sejam feitos a cada dez anos.

Os primeiros sinais de que o levantamento estatístico iria enfrentar dificuldades se deu ainda nos meses iniciais do governo Bolsonaro, em fevereiro de 2019. Durante a posse da economista Suzana Cordeiro Guerra como nova presidente do IBGE, o então ministro da Economia Paulo Guedes sugeriu ao instituto vender imóveis para bancar a pesquisa.
 

Dois meses depois, pressionado para diminuir custos, o IBGE confirmou que iria deixar o seu questionário mais enxuto, como também já havia sido sugerido por Guedes. Em nota, na época, o órgão disse que a redução na quantidade de perguntas iria trazer uma economia de 25% no valor de R$ 3,4 bilhões da operação. O IBGE afirmou também que o corte seria necessário porque o orçamento do Censo precisava ser aprovado pela União e a "diretriz do governo federal é de restrições orçamentárias".

No dia 17 de março de 2020, após a pandemia de Covid-19 atingir o Brasil, o IBGE anunciou que iria adiar a coleta de dados para o ano seguinte. O Censo havia sido aprovado no Orçamento pelo valor de R$ 2,3 bilhões, tendo sofrido uma redução de 32% no número de perguntas do questionário.

As dúvidas quanto a realização da pesquisa continuaram no ano seguinte. O Orçamento de 2021 foi sancionado apenas em abril, e o valor dos recursos destinados ao Censo acabou novamente reduzido — dessa vez, para R$ 53 milhões. A realização da pesquisa foi inviabilizada, e o Ministério da Economia chegou a comunicar mais um adiamento da pesquisa.

A questão foi levada ao Supremo Tribunal Federal pelo governo do Maranhão. Em maio de 2021, o plenário do STF determinou que a União adotasse medidas administrativas e legislativas necessárias para garantir a realização da pesquisa no ano seguinte. Em setembro, o governo federal informou ao tribunal que iria enviar uma proposta ao Congresso ampliando o valor previsto para o Censo.

Em dezembro de 2021, o IBGE afirmou ter "plena confiança" que os R$ 2,3 bilhões previstos no Orçamento eram suficientes para a realização do levantamento. O Censo teve início em agosto de 2022, quando os recenseadores do IBGE foram às ruas coletarem os dados de milhões de brasileiros. O levantamento deveria ter sido encerrado em outubro, mas só chegou ao fim em fevereiro de 2023.

O órgão admitiu sofrer uma série de dificuldades que retardaram a conclusão do Censo. A escassez de recenseadores e a recusa dos domicílios de renda mais alta em receber os agentes do IBGE foram alguns deles.

Veja também

Dólar cai para R$ 5,42 e fecha no menor valor em um mês
Dólar

Dólar cai para R$ 5,42 e fecha no menor valor em um mês

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee
Falha no sistema

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Newsletter