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Auxílio

Auxílio emergencial faz toda a diferença e deveria ser mantido, diz setor têxtil

A indústria têxtil foi uma das mais afetadas durante a pandemia

Auxílio emergencialAuxílio emergencial - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Fernando Pimentel, defendeu nesta quarta (12) a manutenção de algum tipo de auxílio financeiro pelo governo, mesmo que em valores menores do que os R$ 600 atuais, para que o ritmo de recuperação da economia após a pandemia não seja quebrado.

"O auxílio emergencial está fazendo toda a diferença", afirmou o executivo, em entrevista para falar do desempenho do setor durante a crise. A indústria têxtil foi uma das mais afetadas e, mesmo com recuperação da demanda entre maio e junho, as vendas de produtos de vestuário ainda está 45,8% abaixo do volume registrado em fevereiro, último mês antes da pandemia.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as vendas no comércio cresceram 8% em junho, após avanço recorde de 13,9% em maio. O setor recuperou o volume perdido durante o pico da pandemia, mas a recuperação é desigual, com forte influência do setor de supermercados.

"Está havendo uma recuperação. No entanto, não podemos dar como dada essa recuperação porque ela está se dando muito mais em segmentos influenciados pelo auxílio emergencial", comentou Pimentel. "Há uma grande interrogação de como vai ser a saída dessa ajuda de R$ 600 por mês, que está injetando na economia mais de R$ 50 bilhões por mês."

Ele disse entender que não há espaço fiscal para a manutenção do benefício nos patamares atuais por muito tempo, mas defendeu que o auxílio foi uma das medidas mais eficazes adotadas pelo governo para o enfrentamento da crise, com efeitos reais na economia.

"Muita gente que não tinha renda passou a ter renda", diz. "Estamos trabalhando para que [o benefício] seja mais estendido, porque o desemprego vai crescer e a população está mais pobre. Seria bom estender até o fim do ano, mas as contas públicas estão em pandarecos."

O setor chegou a operar com 30% da capacidade, com produção mais focada no segmento médico hospitalar, movimento que já gerou cerca de 70 mil demissões após a pandemia. Com a retomada dos pedidos, o uso da capacidade dobrou e está hoje em 60%. A expectativa é que, se o quadro for mantido, esse número chegue a 75% até o fim do ano.

A Abit reforça percepção do IBGE de que produtos para o lar têm retomado mais rapidamente, já que os brasileiros têm passado mais tempo e casa. O segmento de cama, mesa e banho, diz Pimental, se recupera melhor do que o de vestuário. E, mesmo nesse último caso, roupas para ficar em casa vendem mais do que roupas de sair.

A entidade fechar 2020 com recuo em torno de 19% na produção e nas vendas de produtos têxteis e de vestuário. "É uma melhoria, mas uma subida de montanha dura. Se não tivermos nenhuma surpresa negativa, pode ser que no Natal desse ano já estejamos perto do Natal do ano passado", afirmou Pimentel.

Embora em ritmo mais lento, a entidade vê o fechamento de mais nove mil vagas até o fim do ano. Calcula ainda que a crise gerada pela pandemia levará entre 10% e 15% das empresas do setor a fechar definitivamente as portas. Para 2021, estima alta de 8,1% nas vendas e de 6,8% na produção.

Pimentel frisou que a oferta de crédito ainda é um problema, com a demora na implementação de novos programas anunciados pelo governo, como a nova versão da linha de apoio ao pagamento de salários e o uso do FGI (Fundo Garantidor de Investimentos) para garantir financiamentos a pequenas empresas.

"O crédito é o calcanhar de aquilos das medidas emergenciais adotadas pelo governo. Não fluiiu, pelo menos para pequenas e médias empresas", disse. "As grandes pegaram uma fatia maior do crédito, quando sentiram que o problema seria mais grave, sacaram suas linhas, e as pequenas, que já tinham dificuldades, ficaram ainda com mais dificuldades."

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