Azul vai ter voos diretos a Paris em estratégia de expandir malha aérea internacional
Destino europeu é o segundo mais procurado por brasileiros
A companhia aérea Azul vai anunciar nesta quarta-feira a expansão de sua malha de voos internacionais ao Brasil com uma nova rota o sem escalas entre os aeroportos de Viracopos, em Campinas (SP), e Paris pelo aeroporto de Orly sem escalas.
A empresa passou a comercializar a nova rota nesta quarta e inicia os voos em 26 de abril. Na primeira semana dos voos, o trecho tem sido vendido por R$ 4.685,45.
De acordo com a Azul, serão seis frequências semanais na nova rota. Do lado brasileiro, os voos sairão de Viracopos às 23h diariamente, com chegada prevista para 15h30. Da França ao Brasil. haverá saídas às 22h15 e as chegadas a Campinas serão às 4h45.
Para John Rodgerson, presidente da Azul, a decisão de expandir a malha internacional da empresa a Paris tem sentido porque o destino é o segundo mais buscado por brasileiros atualmente, perdendo apenas para Portugal. A empresa já voa para Lisboa e para dois destinos na Flórida (Fort-Lauderdale, Orlando) atualmente.
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Nossa ideia é capturar tanto a demanda de brasileiros que querem ir à França quanto a de turistas europeus para cá. Nosso diferencial é a possibilidade de conexões. Podemos vender passagens com origem em Paris e destino final em 150 destinos com a escala em Campinas. O aeroporto é nosso principal hub, explica Rodgerson.
De Campinas, a Azul tem voos diretos a 70 cidades no país. A Azul é hoje a companhia aérea que voa ao maior número de cidades no país: são mais de 150, sendo que a 80% delas a empresa é a única aérea a pousar nos municípios.
A nova rota da Azul será operada por aeronaves Airbus A350, com capacidade de transporte de 334 passageiros, 33 na classe executiva e 301 na econômica.
Mais voos no Brasil
O anúncio ocorre em meio á expansão da Azul também na malha doméstica. Em março, a companhia irá mais do que duplicar a sua presença no aeroporto de Congonhas, o mais rentável do país, com voos para Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife.
Apesar de ter registrado crescimento da demanda doméstica por voos e de ter níveis de atividade próximos aos pré-pandêmicos, a Azul, como todo o setor aéreo brasileiro, ainda passa por dificuldades. No terceiro trimestre de 2022, a companhia teve prejuízo de R$ 2,2 bilhões, apesar de ter tido recorde histórico de receitas de R$ 4,4 bilhões no período, 44,4% do registrado no terceiro trimestre antes da pandemia. De janeiro a setembro do ano passado, o prejuízo da empresa somava R$ 3,82 bilhões.
A principal dificuldade do segmento é a alta do querosene de aviação (o chamado QAV), combustível usado por jatos comerciais e que, no Brasil, teve aumento de 37,8% desde fevereiro de 2022.
Em dezembro do ano passado, antes do mais recente reajuste anunciado pela Petrobras no início do mês, de 17,1%, o preço médio do QAV no Brasil já era 45% mais caro do que o cobrado nos Estados Unidos. Dolarizado, o combustível representa hoje cerca de 40% dos custos das empresas aéreas brasileiras. O setor tem pedido ao novo governo medidas para mitigar a alta de preços.
Além disso, pressiona a Azul o seu endividamento, especialmente o relacionado ao pagamento de leasing de aeronaves. De acordo com as demonstrações financeiras da Azul, a empresa tinha a pagar no período de 12 meses cerca de R$ 3,77 bilhões em arrendamentos. Pesa a favor da Azul o fato de a empresa já ter conseguido, no passado, renegociar seu passivo com empresas de leasing.
Também rebaixou a nota de crédito em moeda nacional de “B(bra)” para “CCC(bra)”, refletindo os riscos para refinanciamento da Azul, em meio ao aperto do crédito no mercado após a crise da Americanas.
De acordo com as demonstrações financeiras da Azul, a empresa tinha a pagar no período de 12 meses cerca de R$ 3,77 bilhões em arrendamentos. Pesa a favor da companhia o fato de a empresa já ter conseguido, no passado, renegociar seu passivo com empresas de leasing.