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ECONOMIA

Banco Central define nova Selic: veja o que pesa na decisão do Copom sobre a taxa básica de juros

Nos últimos encontros, o Copom sinalizou novos cortes de 0,5 ponto percentual "nas próximas reuniões". A dúvida é se esse indicativo será mantido

Diretores do Banco Central, que integram o Comitê de Política Monetária (Copom) Diretores do Banco Central, que integram o Comitê de Política Monetária (Copom)  - Foto: Divulgação/BC

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar, nesta quarta-feira, uma redução de 0,5 ponto percentual (pp) na taxa básica de juros, a Selic.

É consenso no mercado que o BC deve anunciar uma redução de 11,25% para 10,75% ao ano. Também é consenso que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mantenha os juros dos EUA no patamar entre 5,25% e 5,5% ao ano.

O que os analistas olharão com lupa são os comunicados. No Brasil, há dúvidas sobre se o Copom manterá a projeção de novos cortes de mesma magnitude na Selic. Nos últimos encontros, o Copom sinalizou novos cortes de 0,5 ponto percentual “nas próximas reuniões”.

A dúvida é se esse indicativo será mantido. Essa é a principal preocupação da Fazenda neste momento: se esse indicativo de corte de juros permanecerá.

Desde agosto do ano passado, foram cinco cortes consecutivos de 0,5 ponto. Em todas as ocasiões, o comunicado indicou que o Copom repetiria a dose “nas próximas reuniões”, ou seja, que o ritmo de redução se manteria ao menos nos dois encontros seguintes. Se não houver alteração, o BC sinaliza que deve, ao menos até junho, manter o ritmo de cortes adotado até agora.

"Seria bom mudar"
Luís Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners. avalia que há incertezas nos cenários doméstico e externo. Ele lembra que houve dados positivos em janeiro, como a criação de 180 mil empregos com carteira assinada e a expansão das vendas no varejo, na indústria automobilística e em serviços — resultados que podem alimentar a inflação.

 

— Seria bom para o Banco Central se o Copom retirasse o plural dos comunicados das próximas reuniões, para ganhar grau de liberdade. E até junho, se a situação estiver melhor para uma nova queda de 0,5 ou até 1 ponto, tudo bem — afirmou Leal.

A questão é que, este ano, o cenário mudou. De acordo com a pesquisa semanal Focus feita junto ao mercado, divulgada ontem pelo BC, a projeção para a inflação subiu de 3,77% para 3,79% em 2024 e de 3,41% para 3,52% em 2025. Para o PIB, a previsão de crescimento este ano subiu de 1,78% para 1,79%.

Marcelo Fonseca, economista-chefe da REAG Investimentos, avalia que o Copom deve sinalizar um corte de 0,5 ponto “apenas na reunião seguinte”:

— Acredito que o BC deverá desacelerar o ritmo de cortes na reunião de julho.

Já Paula Magalhães, economista-chefe da AC Pastore Consultores, avalia que será mantida a linguagem de quedas da mesma magnitude (0,5 ponto) nas próximas reuniões, mesmo com os dados econômicos surpreendendo para cima. Mas isso, para ela, não seria o ideal:

— Na nossa visão, o crescimento deve vir acima do PIB potencial neste ano, e seria bom o Copom mudar a linguagem para sinalizar só mais uma queda de 0,5 ponto depois de quarta-feira, para observar os dados, pois acreditamos que essa atividade aquecida pode pressionar a inflação de serviços — afirmou Paula.

Economista sênior e sócio da Tendências, Silvio Campos Neto faz coro com os demais e espera uma queda de 0,5 pp. Ele acredita que o Banco Central tem espaço para manter a continuidade desse ritmo por pelo menos mais duas reuniões.

— Nosso cenário é de mais duas quedas de meio ponto percentual e uma 0,25 pp, levando a Selic para 9,5% — afirmou.

Campos ressaltou que o avanço dos salários acima da meta de inflação é uma fonte de preocupação já demonstrada pelo Copom. Por outro lado, ele acredita que os juros continuam elevados.

— O Banco Central tem espaço para manter a queda de 0,5 pp, mas prepara terreno para uma mudança mais consistente em maio — disse.

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