Banco Central mantém taxa de juros em 13,75% pela sexta vez consecutiva
Decisão ocorre em meio a repetidas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de integrantes do governo ao efeito dos juros sobre a atividade econômica
Na primeira reunião do Copom após a divulgação do arcabouço fiscal, o Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75%, conforme o esperado.
No comunicado da decisão, os integrantes do Copom ainda não deram sinais de que irão reduzir os juros na próxima reunião, em junho, e disseram mais uma vez que não existe "relação mecânica" entre a aprovação do texto pelo Congresso e o relaxamento da política monetária.
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A Selic em 13,75% é o maior patamar de juros desde novembro de 2016, quando a taxa estava em 14% ao ano. Foi a sexta manutenção seguida nesta patamar. O Banco Central voltou a falar em "paciência e serenidade" na condução da política monetária.
"Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária. O Copom enfatiza que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.
Os integrantes do Copom fizeram três referências ao arcabouço fiscal. Por um lado, disseram que o arcabouço reduz as incertezas, mas, como ele ainda não foi votado no Congresso, ainda não se sabe qual será o seu desenho final. E disseram que não existe "relação mecânica" entre o projeto e a queda dos juros.
"O Copom enfatiza que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, e avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional", diz o BC.
A decisão ocorre em meio a repetidas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do governo ao efeito dos juros sobre a atividade econômica. A pressão também já partiu do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que chegou a afirmar que o cenário econômico atual seria favorável à redução da taxa básica.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao lado dos oito diretores da autarquia, entende que a batalha contra a inflação ainda não está vencida. O Comitê de Política Monetária (Copom) - composto por eles - se reúne a cada 45 dias para definir a taxa básica de juros da economia. Esta é a terceira reunião do grupo colegiado no governo do presidente Lula.
O BC define a taxa Selic visando o cumprimento da meta para a inflação, que é definida pelo governo. A meta para 2023 foi definida em 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual, ou seja, teto de 4,75%. Esse parâmetro foi estabelecido na gestão passada.
Agora, o Conselho Monetário Nacional (CMN) - que define as metas - atualmente é formado por Campo Neto, Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento). O CMN se reúne normalmente em junho para definir a meta de dois anos e meio adiante.
O Banco Central tem autonomia para perseguir uma meta estabelecida pelo governo.