Banco Central publica ata do Copom e detalha alta da Selic a 14,25%
Juros básicos já estão em maior patamar desde outubro de 2016

O Banco Central divulgou nesta terça-feira a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, que elevou a taxa Selic de 13,25% para 14,25% ao ano. No documento, o BC detalha a última decisão do Copom e as discussões que levaram o colegiado a prometer um novo aumento no próximo encontro, ainda que de menor magnitude.
A decisão da semana passada já alçou a Selic ao maior nível desde outubro de 2016. Se a nova alta for confirmada pelo colegiado liderado por Gabriel Galípolo, os juros chegariam, no mínimo, a 14,50%, o que já seria a taxa mais elevada desde agosto de 2006, no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião", disse o BC, no comunicado que informou a decisão do Copom.
Leia também
• Isenção do Imposto de Renda: governo vai pedir análise do projeto em uma só comissão na Câmara
• Juros: taxas sobem por cautela antes de ata do Copom e aumento do receio fiscal
• Projeção de Selic no fim de 2025 segue em 15% após decisão do Copom, aponta Focus
Em relação aos passos posteriores a maio, o BC disse apenas que "que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".
O BC vem travando uma batalha contra a inflação. No ano passado, o IPCA - índice oficial de inflação - ficou fora do intervalo da meta, que é de 3,0% com limite de até 4,50%. Em 12 meses até fevereiro, o estouro continua, com o IPCA em 5,06%. E o BC já prevê que deve descumprir novamente o seu mandato de controle de preços no primeiro teste do novo regime de meta contínua, em junho.
Mais preocupante do que isso é que as projeções oficiais do BC para o IPCA ainda não chegam à meta no horizonte relevante, que é atualmente o terceiro trimestre de 2026, mesmo com a estimativa de 15% da Selic no Boletim Focus. No último Copom, a estimativa baixou, mas apenas marginalmente, de 4,0% para 3,90%. Para o fim de 2025, passou de 5,2% para 5,1%. O próprio BC reconhece que as projeções estão elevadas.
"O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista", disse no comunicado.
O colegiado ainda vê que os riscos para o cenário inflacionário tendem para o campo de mais inflação.
Apesar de reconhecer a necessidade de juros mais altos, o Copom incluiu no comunicado algumas avaliações ligeiramente mais positivas para o cenário de inflação. O comitê reconheceu, por exemplo, que a atividade econômica tem sinais de "incipiente" moderação.
Outro ponto que chamou a atenção dos analistas foi a inclusão da expressão "defasagens inerentes" ao ciclo de aperto monetário. Normalmente, quando o BC faz menção à defasagem, que é o tempo que demora para o aumento de juros fazer efeito na economia, é uma indicação de que está se preparando para interromper o ciclo.