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JUROS

Banco Central sobe juros: entenda em 5 pontos como a alta da Selic afeta a sua vida

Copom definiu nova taxa básica de juros nesta quarta-feira. Patamar afeta desde o endividamento do brasileiro até crédito às empresas

Dados do Banco Central mostram que a inadimplência da carteira de crédito geral apresenta um nível de estabilidade no anoDados do Banco Central mostram que a inadimplência da carteira de crédito geral apresenta um nível de estabilidade no ano - Foto: Imagem: Freepik

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco do Brasil (BC) definiu nesta quarta-feira a nova taxa básica de juros da economia, a Selic.

O aumento de 1 ponto percentual é o maior desde setembro, quando foi iniciado um novo ciclo de alta. Este é o maior aumento na Selic desde maio de 2022.

Mas você sabe na prática como a alta dos juros afeta a sua vida? Entenda em cinco pontos:

1. Endividamento das famílias

Com o ciclo de alta tomando fôlego — grandes bancos apontam para o ciclo se encerrando aos 15% ao ano —, o endividamento das famílias pode aumentar.

Isso porque as instituições financeiras se baseiam na taxa básica do país para fornecer suas linhas de crédito, aumentando o risco de inadimplência.

Como o ciclo de alta é recente, as taxas de inadimplência médias nas operações de crédito tem se mantido estáveis ao longo de 2024.

Dados do Banco Central mostram que a inadimplência da carteira de crédito geral apresenta um nível de estabilidade no ano, em torno de 3,2%, abaixo do registrado na máxima do ano passado, quando superou os 3,5%.

Para o professor de economia do Ibmec Gilberto Braga, um aumento na taxa Selic freia o consumo de forma geral e aumenta as chances de endividamento das famílias:

— As famílias já endividadas, que precisam rolar (adiar) a dívida, esse “empurrar com a barriga” fica mais caro. E as vezes isso vira uma “espiral”, efeito bola de neve. Por que não consegue pagar, empurra para frente, contrata-se juros mais caros e afunda mais a família no endividamento — diz.

2. Crédito para as empresas

O especialista também aponta que um ciclo de alta aumenta o custo do crédito para quem quer montar um negócio.

Isso porque o aumento da Selic é um mecanismo para frear a perspectiva de inflação futura. Por isso, o crédito mais caro para as empresas podem frear os dados de investimento no país.

— Uma das contas que se faz é: quanto custa abrir ou expandir um negócio? Com custo de juros mais altos, o custo total aumenta.

Para além do investimento nas empresas mais restritivo, o professor do Ibmec aponta que o consumidor que compraria daquela empresa também tem seu crédito mais restrito, impactando as vendas:

— Por outro lado, o empresário se questiona: o quanto eu vou vender com um novo negócio? Taxas mais elevadas inibem consumo. Os dois vetores de tomada de decisão empresarial dificultam a expansão.

Apesar do aperto no ciclo monetário, Braga pontua que o momento atual da economia, que está aquecida, reflete um ainda outro momento.

Ele afirma que o aumento do consumo das famílias e o investimento em formação bruta de capital fixo, indicador que mostra o quanto as empresas estão expandindo sua capacidade produtiva.

3. Crédito imobiliário

A tendência é que o financiamento do imóvel novo fique mais caro, reduzindo o apetite do consumidor pela casa nova.

Neste mês, por exemplo, a Caixa lançou uma linha de crédito para financiar imóveis que custam acima de R$ 1,5 milhão, com juros mais altos do que os financiamentos com recursos da poupança.

O movimento aconteceu por conta do esgotamento dos recursos da poupança, indicando o aquecimento da economia apesar da taxa já em patamar alto:

—Há uma maior barreira, porque o trabalhador que precisa sair do aluguel ou melhorar a casa que tem, tem recurso para pagar prestação, mas não tem reserva acumulada para fazer entrada, necessária para fechar o financiamento — diz Braga, apontando que a restrição de financiamento impacta o mercado imobiliário.

Por outro lado, a construção civil também fica mais cara.

Segundo ele, o juro mais alto e o dólar mais apreciado pressionam os custos para construções, que podem impactar o preço final, criando assim mais uma barreira para a aquisição do imóvel.

4. Atividade econômica

A taxa de juros produz um efeito direto sobre o nível do consumo da população.

Com um aumento da Selic, o consumo de bens duráveis é mais prejudicado, já que ele se apoia na concessão de crédito.

Com as linhas de financiamento mais caras, a atividade econômica como um todo tende a desacelerar.

Braga pontua que a situação atual advém do impulso fiscal promovido pelo governo nos últimos meses.

Por conta disso, o aumento de juros é a medida tradicional para que as expectativas de inflação sejam devolvidas para o intervalo desejado:

— O desequilíbrio das contas macroeconômicas, dos governos, levam a uma situação em que se fica sem outra alternativa a não ser aumentar juros para combater a inflação. Apesar dos resultados positivos da economia ao longo dos últimos meses, traz bastante dúvida sobre a sustentabilidade desse modelo no médio longo prazo.

5. Aplicações financeiras

A Selic também influencia as taxas das aplicações financeiras. Com o ciclo de alta recém iniciada nos juros, os produtos de renda fixa tendem a ganhar ainda mais atratividade, pois a tendência é que a rentabilidade cresça sem grandes riscos.

Os títulos públicos pós-fixados (cuja remuneração final depende da Selic ou do IPCA), como o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA+, tendem a ter um retorno mais positivo.

Com o mercado financeiro precificando uma taxa terminal de 15% no fim do ciclo de alta, os prêmios oferecidos em alguns papéis do Tesouro apresentaram o recorde para o ano nesta semana.

Mas nem todos os títulos do Tesouro são orientados Quando há um ciclo de alta na taxa básica de juros, os títulos prefixados, que possuem a taxa de rendimento fixa e informada na hora da compra, tendem a se tornar menos atraentes.

Isso porque eles seguirão oferecendo a taxa predeterminada mesmo diante do aumento dos juros e da posterior venda de novos títulos utilizando como base a nova taxa Selic.

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