Banco do Brasil avalia que é ainda possível recuperar ativos no caso Americanas
Banco provisionou R$ 788 milhões para possíveis perdas, o equivalente a 50% de sua exposição á varejista
O Banco do Brasil avalia que haverá recuperação de ativos no caso da Americanas e, por isso, decidiu provisionar apenas 50% de sua exposição à varejista, de cerca de R$ 1,4 bilhão. A informação é do vice-presidente de gestão financeira do banco, Ricardo Forni.
Ele disse que novas provisões dependem do andamento das negociações e lembrou que a exposição do BB à varejista é menor do que outros grandes bancos, como Bradesco e Itaú, que provisionaram 100% dos empréstimos, sinalizando que não acreditam em recuperação de ativos.
"O provisionamento de 50% não é uma questão de conservadorismo. É uma questão técnica. Avaliamos que o provisionamento de 50% era o adequado e enxergamos claramente que há ativos a serem recuperados" disse Forni.
Ele disse que a decisão de provisionamento também não foi tomada olhando impactos passados ou futuros nos números do BB. O efeito no balanço do banco, segundo ele, foi pequeno.
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Forni afirmou que os modelos de crédito do BB são robustos e análise é feita de forma personalizada, visitando clientes, por exemplo. Mas os mdoelos do banco não conseguiram prever o rombo de R$ 20 bilhões, afirmou, porque havia assimetria de informações.
"Vamos apoiar as negociações visando a recuperação desse crédito, mas com assimetria de informações não se consegue prever um caso como este -a firmou ele, lembrando que o banco está reduzindo sua exposição no segmento de atacado e atuando mais forte no mercado de crédito a pessoa física e agro."
Forni não quis classificar o episódio como uma 'fraude' como fizeram os presidentes do Itaú e Bradesco. Ele lembrou que o caso está sendo avaliado por peritos e o mercado espera uma explicação sobre as inconsistências fiscais.
"Estamos participando das negociações e tomando as medidas jurídicas. O nome que será dados às inconsistências fiscais não importa. mas terá que ser explicado" garantiu.
Juros elevados
Em seu primeiro balanço como presidenta do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, afirmou que não cabe ao banco discutir a taxa de juros determinado pelo Banco Central. Segundo ela, os resultados do banco materializam a capacidade de se adaptar a qualquer cenário de mercado. O banco teve lucro recorde em 2022 chegando a quase R$ 32 bilhões.
"Somos flexíveis para nos adaptar. Em caso de redução de juros, estaremos adaptados às condições que o mercado oferecer" resumiu.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos, vem sendo alvo de críticas pela manutenção da Selic (taxa básica de juros) em 13,75% na última reunião do órgão. O principal crítico foi o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que a taxa está num nível exagerado e trava o crescimento da economia.