Mercado de trabalho: bancos e empresas de tecnologia estão contratando menos estagiários nos EUA
Total de vagas para universitários caiu mais de 7% neste mês em relação a maio nestes dois setores da economia americana, acirrando concorrência nos processos seletivos
Bancos e empresas nos Estados Unidos decidiram contratar menos estagiários neste ano, o que aumentou a competição entre universitários e recém-formados por uma crucial vaga de entrada no mercado de trabalho.
O número total de estágios listados na Handshake, uma plataforma de busca de emprego para estudantes universitários, caiu mais de 7% entre junho do ano passado e maio, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
E o número médio de inscrições para cada estágio subiu para 93, em comparação com 53 há um ano, de acordo com uma análise da Handshake fornecida com exclusividade à agência Bloomberg.
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“Honestamente, não me lembro de uma época em que conseguir um estágio tenha sido tão desafiador desde que comecei a trabalhar nessa área”, disse Lesley Mitler, uma coach de carreira que trabalha com estudantes universitários há quase 15 anos.
O caminho mais difícil para os candidatos a estágio reflete o movimento de empresas de reduzir as contratações de postos de nível júnior. Isso é especialmente verdade em áreas como finanças, consultoria e tecnologia, que pisaram no freio em meio a demissões generalizadas na indústria.
No mês passado, a Tesla tomou a rara medida de rescindir ofertas de estágio de verão enquanto o CEO Elon Musk pressionava para reduzir o quadro de funcionários da empresa, deixando os estudantes a verem navios semanas antes do início do programa.
Executivos estão focados em eficiência e redução de custos. E os estágios pressupõem um investimento que muitas empresas não estão preparadas para fazer agora.
“Programas de estágio são caros: você precisa usar parte da sua equipe de RH para supervisionar esses estagiários” e garantir que tenham uma experiência fantástica, disse Julia Pollak, economista-chefe do site de empregos ZipRecruiter, que registrou uma queda de 14% nas listas de estágio no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado.
“Você tem que pagá-los e não necessariamente obter um trabalho de alta qualidade deles.”Algumas empresas que reduziram os programas de estágio têm oferecido workshops que custam menos e exigem menos tempo, disse Sean McGowan, diretor de relações com empregadores da Universidade Carnegie Mellon.
“Nenhuma dessas empresas pode se dar ao luxo de tirar completamente a marca do campus — você perderá seu talento para o concorrente”, disse.
Programas educacionais — como os oferecidos pelo Morgan Stanley para alunos do segundo ano ou pelo Goldman Sachs para todos os estudantes de graduação — são uma maneira de manter os estudantes interessados nas empresas, mesmo quando há menos oportunidades formais disponíveis.
Para aqueles que estão entrando no mercado de trabalho, as chances de conseguir uma das oportunidades mais desejáveis diminuíram. O Goldman Sachs, por exemplo, registrou um número recorde de candidatos neste ano — mais de 315 mil currículos para apenas 2,7 mil vagas, uma taxa de aceitação de menos de 1%. O número contrasta com mais de 260 mil candidatos para cerca de 2,9 mil vagas em 2023.
Risco de subemprego
Para os estudantes, há muito em jogo: de acordo com uma pesquisa recente do Instituto Burning Glass e da Fundação Strada Education, aqueles que não completam um estágio durante a faculdade correm um risco significativamente maior de subemprego no longo prazo.
Para se destacar, coaches de carreira dizem que é mais importante do que nunca fazer networking intensivo.
Ryan Levine, um estudante do último ano do Colby College, começou a se candidatar a estágios em meados do ano passado, enviando cerca de 60 currículos. Levine elaborou cada carta de apresentação com cuidado e fez networking diligentemente com funcionários de cada empresa, principalmente recém-formados, no LinkedIn. Mas, em fevereiro, ainda não havia conseguido uma única entrevista — e começava a ficar nervoso.
Levine entrou em contato com alguém que era um executivo sênior da New York Life Insurance Company, que o ajudou a conseguir o cargo. “Simplesmente funcionou. Tive muita, muita sorte com esse”, disse. “Se eu não conseguisse, teria sido muito tarde — estaria com dificuldade para encontrar qualquer coisa”.