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mercado financeiro

Bancos e gestoras mostram um pouco mais de otimismo e elevam previsão de crescimento para o Brasil

Incertezas da guerra estão sendo monitoradas como obstáculos para melhora da economia brasileira este ano

Bolsa de ValoresBolsa de Valores - Foto: Daniel Roland/AFP

É consenso que o desempenho positivo da economia brasileira não se repetirá em 2021 e que o cenário para o Produto Interno Bruto (PIB) para 2022 continua fraco. O consenso do boletim Focus aponta um crescimento de apenas 0,3%. Mas a surpresa positiva do crescimento no último trimestre, com alta de 0,5% do PIB, melhora as perspectivas para este ano.

Bancos e gestoras mostram um pouco mais de otimismo e avaliam revisar suas projeções de crescimento para cima.

Lucas Maynard, economista do Santander Brasil, observa que o banco mantém a estimativa de um crescimento de 0,7% para este ano, mas não descarta uma revisão altista. Ele diz que os efeitos da reabertura do setor de serviços ainda não foram totalmente sentidos em 2021 e devem aparecer ainda pelo menos neste início de ano. Maynard lembra, por exemplo, que setores culturais, bares e restaurantes ainda não voltaram totalmente à normalidade:

"O primeiro trimestre e o segundo ainda devem dar alguma folga este ano. E apesar da seca no Sul, o setor agro tem tendência favorável. A questão dos fertilizantes deve ser sentida mais na safra 2023. Por isso, não descartamos uma revisão altista para nossa previsão de crescimento de 0,7% para este ano. Será preciso observar o que vai acontecer no segundo semestre".

A alta dos juros e as incertezas da guerra estão no radar como obstáculos, diz o economista. Mas, ainda assim, os impactos de uma Selic mais alta deve ser sentidos apenas mais para o final do ano. E uma desinflação dos atuais 10,3% para algo como 6% este ano, como prevê o Santander, ajuda no item consumo das famílias.
 

Na XP, não fosse o conflito entre  Rússia e Ucrânia ter elevado as incertezas internacionais, também haveria revisão de alta para o PIB este ano. Rodolfo Margato, economista da XP, mantém a estimativa de crescimento zero em 2022, mas reconhece que alguns dados da atividade econômica vieram mais positivos.

"Não seria uma revisão tão forte, afinal estamos num ciclo de alta de juros, o maior nos últimos dois anos. Mas seria um crescimento moderado", afirma. 

Entre os elementos positivos para a economia, estão a retomada nível de empregos, aumento dos investimentos do setor público, especialmente de governos estaduais que estão com superávit primário, e bom desempenho do setor agro. Margato lembra que o governo também prepara medidas de estímulo à atividade, como pacote de crédito para micro e pequenas empresa, saques do FGTS e a redução do IPI, já anunciada.

Mas pesam negativamente sobre a atividade econômica, a inflação, que deve ter mais pressão com o conflito na Ucrânia, dada a alta do petróleo e commodities agrícolas, com impacto negativo na renda das famílias, diz o economista da XP. O resultado é menos consumo.

Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco, observa que a volta do setor de serviços foi importante para o crescimento de 4,6% da economia ano passado. Ele lembra que o carrego estatístico do PIB de 2021 para 2022 está melhor do que se esperava. O carrego estatístico é a "herança" que o desempenho da economia nos últimos trimestres do ano deixa para o início do seguinte.

"Prevíamos um carrego estatístico negativo de 0,1% e agora está em 0,3% positivo. Com isso, há risco de melhorarmos nossa projeção para o PIB deste ano, que prevê queda de 0,5% da economia", diz Barbosa.

O economista lembra que há estímulo fiscal, com governos estaduais e municipais expandindo gastos e o governo federal cortando impostos. Isso provoca um problema na dinâmica da dívida pública, mas traz estímulo à atividade econômica. Barbosa observa que o preço das comodities já vinha subindo antes do conflito na Ucrânia, beneficiando países exportadores desses produtos como o Brasil.

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