Banqueiro André Esteves, do BTG, é o novo controlador do Banco Nacional
Banco paulista anunciou acordo para a compra da instituição, que ficou conhecida por patrocinar o piloto Ayrton Senna e está em liquidação extrajudicial
O banco BTG anunciou nesta segunda-feira que fechou um acordo para a compra do banco Nacional, que está em liquidação extrajudicial desde 1995, conforme adiantou o colunista do Globo Lauro Jardim.
O negócio está sujeito à verificação de determinadas condições, entre elas a cessação do regime de liquidação extrajudicial, que será possibilitada pela liquidação ou saneamento de seus passivos financeiros. O Banco Central e o Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que fiscaliza a concorrência no país. Todos os ativos e passivos do Nacional entraram no negócio.
Com a aquisição, o BTG da massa falida do Nacional, o BTG repete o mesmo roteiro que fez com o Bamerindus em 2014 e com Banco Econômico em 2022 adquirindo seus ativos e passivos. No último dia 24, uma assembleia geral extraordinária no Nacional aprovou um aumento de capital de R$ 1,5 bilhão. O BTG entrou na transação, num desfecho que o banco de André Esteves vinha perseguindo há pelo menos dez anos.
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A família Magalhães Pinto, fundadora e controladora do Nacional, tinha proposto à administração da massa falida o aumento de capital de até R$ 1,5 bilhão em novembro de 2023. Também informou aos administradores que vinha mantendo conversas com o BTG para a venda do banco. Em comunicado ao mercado, o BTG informou que as duas partes chegaram a um acordo.
"A operação faz parte da estratégia de investimentos da área de Special Situations do BTG Pactual, focada na aquisição e recuperação de carteiras de créditos inadimplidos e compra de ativos financeiros alternativos, a qual acumula expertise com instituições financeiras em regime especial", informou o banco no comunicado.
Ao adquirir bancos em liquidação, o BTG usa a carteira de crédito dessas instituições, que inclui títulos devidos pelo Tesouro, envolvendo Fundo de Compensações de Variações Salariais (FCVS), precatórios e créditos tributários.
A quebra do Nacional foi considerada uma dos maiores casos de fraude bancária do país. O Banco Central decretou intervenção no Nacional, após o rombo nas contas do banco ter alcançado US$ 9,2 bilhões, em novembro de 1995. O prejuízo resultou de um esquema que maquiava balanços e utilizava mais de 600 contas fantasmas para fazer empréstimos fictícios e simular boa saúde financeira.
O banco Nacional recebeu recursos do Programa de Reestruturação do Sistema Financeiro (Proer), programa de socorro a instituições bancárias com problemas de liquidez elaborado pelo governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, implementadas em novembro de 1995.
O Nacional acabou sendo dividido em dois. A parte saudável da instituição foi adquirida, em 1996, pelo Unibanco, que contou com um empréstimo de R$ 7,2 bilhões do BC para fechar a operação.
O Nacional ganhou fama por ter patrocinado a carreira de Ayrton Senna entre 1984 e até a morte do tricampeão mundial de Fórmula 1, em 1994. O piloto era garoto-propaganda da instituição. O banco foi um dos primeiros a investir no chamado marketing esportivo.
Em 1996, a Procuradoria da República no Rio de Janeiro pediu a decretação da prisão preventiva de dirigentes do banco, além de denunciar 33 ex-executivos da instituição financeira por crimes como gestão fraudulenta, formação de quadrilha e gestão temerária.