Bastidores: auxiliares de Lula temem 'Dilma 3' com manutenção de déficit zero para 2024
Integrantes do governo defendem rever algo para contas públicas
Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que defendem que o governo reveja a meta de déficit zero nas contas públicas para 2024 temem um cenário de “Dilma 3” se o alvo para as contas públicas for mantido, numa referência aos governos da petista Dilma Rousseff.
Ao defender uma meta de déficit de 0,25% ou 0,5% do PIB, algo que varia até R$ 50 bilhões de rombo, integrantes do governo veem uma forma de garantir que não haja contingenciamento (bloqueio) do orçamento, o que traria impactos políticos negativos para Lula.
O temor de um contingenciamento nas contas públicas é de que isso impactaria na liberação de emendas, de investimentos públicos e impediria também reajuste de servidores públicos e promoções, de acordo com auxiliares de Lula, engessando a administração pública na visão desses técnico.
O cenário de “Dilma 3” é visto em um contexto em que, com este quadro se confirmando, o governo perderia apoio no Congresso, da população e dos servidores públicos. Dilma sofreu impeachment em 2016, no seu segundo mandato.
A liberação de emendas para deputados e senadores é uma forma do governo barganhar apoio em pautas importantes do Planalto. Parlamentares também utilizam da ferramenta para pressionar o governo.
Outra preocupação é de que a meta poderia impactaria no andamento das obras do Programa de Aceleração de Investimentos (PAC), principal aposta do Planalto para ampliar volume de obras pelo país, captar investimento privado e gerar empregos no próximo ano.
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Na live da última terça-feira, Lula afirmou que quer viajar o Brasil para inaugurar obras em 2024. O plano do presidente passa pela intenção de se dedicar mais ao ambiente doméstico depois de uma intensa agenda externa neste ano e ficar mais próximo das cidades no ano de eleições municipais. Ao colocar de pé essa ideia, o plano poderá impactar positivamente na popularidade de Lula, que sofreu revés nos últimos dois meses.
No Palácio do Planalto a defesa por uma revisão do déficit é encabeçada por integrantes da Casa Civil de Rui Costa. Como mostrou O Globo, auxiliares da ministra do Planejamento, Simone Tebet, avaliam que uma meta de déficit de 0,5% do PIB seria compatível com a situação do contas públicas federais. No Planalto, técnicos avaliam que uma a meta de 0,25% do PIB já ofereceria um colchão de segurança para evitar contingenciamento das contas.
Outro argumento é de que o prolongamento da guerra Israel-Hamas poderá trazer impactos econômicos ao Brasil em 2024, aliado ao conflito entre Ucrânia e Rússia, criando um cenário internacional com adversidades, aliado a erosão de receitas do governo.